NO ESCURINHO DO CINEMA
Eu achava muito engraçado ouvir os mais velhos se referirem a “fazer a corte”. Eles explicavam que eram as demonstrações de evidência de interesse de um rapaz em relação à moça. Passava em frente da casa para ver se a amada estava à janela, procurava dançar com ela nos bailes, às vezes lhe mandava algum recadinho... De minha parte, peguei o final dos tempos de “tirar linha”. Aliás, nem entendia muito bem a expressão.
Na época da minha adolescência, os rapazes “ficavam atrás” das meninas, “davam em cima” de alguém. Procuravam encontrá-las “por acaso” na rua, ficavam em grupos diante da igreja à saída da missa, ou na porta do colégio... E, nas festinhas, além de “tirar” muitas vezes a mesma garota, queriam dançar de “rosto colado”.
Criada a oportunidade, era costume o rapaz fazer a clássica pergunta: “Você quer namorar comigo?” Cabia à moça responder de imediato ou, talvez, no dia seguinte. Dado o sim, vinha o também clássico convite para ir ao cinema. Quase sempre na sessão vespertina, do sábado ou domingo. Era raro os jovens irem ao cinema durante a semana. O grande lance inicial era “pegar na mão” e depois, claro, trocar uns beijos no escurinho do cinema...
Um amigo contou-me, recentemente, que a primeira vez que pegou na mão da mulher dele foi na sessão do filme O Professor Aloprado, com Jerry Lewis. Até parece piada!
Beatriz Cruz
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