Cartas.
Do crítico literário Professor Clóves Goulart Meira, da Revista Brasília e Acadêmica.
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2002.
Digníssima Professora-Doutora Ana Zélia
Foi com imenso carinho que recebo os lindos trabalhos:
Os Corvos (à Amazônia); Desperta Brasil; Um olhar para o futuro.
Quisera eu, poder ter a facilidade de, buscar no meu interior, aquele grito abafado,
mas certo perceberia que o meu desabafo seria um grito no deserto onde,
pseudos patriotas não teriam a capacidade de ouvi-lo.
Não basta dizermos que somos patriotas, mas termos nosso sangue quente, c
omo senti em todos os trabalhos mencionados acima.
1- No “Desperta Brasil”, na estrofe:
“ És o país das promessas não cumpridas- do futuro que não chega-
das riquezas saqueadas e dos sonhos amortalhados.
Já igual reação patriótica, tivemos em 1601- era Barroca –Gregório de Matos guerra, satírico como era,
combatia a colonização portuguesa no Brasil, com:
“Que os brasileiros são bestas,
e estarão a trabalhar toda a vida por manter magano de Portugal”
e, lamentavelmente nenhuma mudança dizemos sentir.
Como, e quando poderemos apagar o “eternamente” e
com a mesma vibração patriótica e sonora, gritarmos:
“DESPERTA! BRASIL!”
2- No “Um olhar para o futuro”, cheguei a conclusão que os meus sonhos de guri, almejando um futuro ameno,
chegaria quando fosse maior, firmando-me nos estudos, formado, fazendo planos,
certo que encontraria a luz no final do túnel e, exausto de tanto querer, também venho parodiar o:
_Qual futuro?
_ Qual futuro!
3- Os Corvos ( à Amazônia)
“_ Filhos meus! Guerreiros de sangue!
O Gigante não morreu!”
Um clamor angustiante de quem, verdadeiramente,
sofre em ver o seu torrão querido, sendo dizimado por forças avassaladoras.
Há muito, sem ter a honra dessa correspondência,
li na Revista Acadêmica nº VII-página 11 “Os Mortos-Vivos (à Chico Mendes)”.
Como brotam as palavras de uma vibrante, patriota em defesa de muitos brasileiros surdos,
incrédulos e cegos por conveniência, enquanto isso, vemos o nosso barco Brasil, fazendo água, até quando?
Nesta mesma revista clama por Themis, filha de Urano e Geia, deusa do Direito e de Justiça,
nas mãos uma balança e uma espada, símbolo da justiça; seus olhos são vendados
significando a imparcialidade de suas sentenças.
Normalmente quando Reis de Souza, graciosamente, envia estas e encontro trabalhos
de grande profundidade como os do momento, fico orgulhoso por ver que as lendárias Amazonas,
estão clonadas numa alma ferrenha, inflexível, pertinaz que,
com muita sabedoria de uma “cabocla pura de uma raça dura...”
é merecedora de todo nosso respeito, admiração e que nos
incentiva também a empunhar a mesma bandeira da legalidade e justiça.
Envaidecido por merecer lindos e autênticos trabalhos, envio o meu agradecimento firmando-me
Respeitosamente
Cloves Goulart Meira (crítico literário)
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Nota da autora: Acadêmica da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias, Revista Brasília e Acadêmica,
sinto-me honrada em receber via Academia
cartas como a do Professor e Crítico Literário do Rio de Janeiro,
cartas que estimulam a continuar emitindo nossos gritos através da poesia,
de artigos, de todo um trabalho. Obrigada Ana Zélia
Obs- Me afastei das lides, mas não fugi das lutas,
quando me vejo ou me sinto agredida com interpretações outras,
mostro que curva já sou, me curvar novamente, nuca. Manaus, 14.03.2013
Ana Zélia
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