Usina de Letras
Usina de Letras
78 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62242 )

Cartas ( 21334)

Contos (13266)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10369)

Erótico (13570)

Frases (50639)

Humor (20032)

Infantil (5439)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140811)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6196)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Telma eu não sou gay -- 04/08/2001 - 21:56 (eva braun) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Certa noite, na primavera de 1943, após um jantar cerimonioso no castelo de Berchtesgarden em homenagem a Josef Mengele, que acabara de inaugurar mais um dos seus tenebrosos campos de concentração, retirei-me mais cedo para os meus aposentos. Estava com uma insuportável dor de cabeça pois passara a noite ouvindo o Fuhrer falar de como havia conhecido Mengele em seu laboratório de patologia na Universidade de Frankfurt. A certa altura da refeição, enquanto eu degustava meu Kassler com volúpia palatal e Adolf espetava suas ervilhas no prato uma após a outra, Mengele ia nos descrevendo as experiências físicas e psicológicas que vinha realizando na área da medicina nazista. O "anjo da morte", como era conhecido, não perdia uma oportunidade de vangloriar-se de seus feitos, e foi assim que naquela noite ouvi os relatos mais escabrosos a respeito de cirurgias sem anestesia, dissecação de cadáveres, remoção de órgãos, injeções de germes letais, cirurgias experimentais com gêmeos, transfusões de sangue, cirurgias de troca de sexo etc. Não preciso dizer que minha digestão foi para o espaço. Antes que eu vomitasse nas travessas de sobremesa, pedi licença e me retirei apressada. Mengele cumprimentou-me com suas frias e precisas mãos de cirurgião e minha pele macia como pêssego arrepiou-se toda. Saí dali em desabalada carreira e desci os corredores escuros em direção ao meu quarto. Fechei a porta e, sobressaltada, passei a chave na fechadura. Um silêncio maligno dominava o ambiente. Eu já não ouvia as vozes e as gargalhadas dos convivas no salão. Mas o que me impressionou é que tampouco ouvia as batidas do meu coração ou dos meus passos no aposento. Tudo estava completamente escuro. Mas como? Eu sempre deixo uma luz acesa quando me ausento do meu quarto, pois assim fica mais fácil para eu me orientar quando retorno tarde da noite, às vezes meio passada na bebida ou sonolenta demais para distinguir a cama de uma banheira. Mas ali a escuridão era tanta que a irrealidade era visível, e o vazio, palpável. Não encontrei luzes ou candelabros, nem um toco de vela. Então, aproximei-me das janelas e escancarei as cortinas. Se houvesse lua, eu conseguiria um pouco de iluminação afinal. Alvíssaras. A lua cheia invadiu o quarto e pude enxergar mais de um palmo à frente do nariz. Mas...aquele não era o meu quarto! Onde eu estava? Havia uma cama com dossel, um guarda-roupa monumental com águias desenhadas em relevo na madeira, e uma cômoda de quatro gavetas. Sobre a cômoda, uma pintura renascentista de autor desconhecido ornamentava a parede. A decoração era simples, quase beneditina eu diria. De quem seria aquele quarto? Da governanta? De algum criado, ou segurança pessoal? Não me parecia que estivesse sendo ocupado por alguém. Tudo tão impessoal. Seria um dos quartos de hóspedes? Aproximei-me da cômoda e abri uma gaveta ao acaso. Papéis, documentos, recortes de jornais, cartas...vários envelopes de cartas presos por uma fita negra. Comecei a vasculhar. Uma carta de Theodor Morell para o Fuhrer. Morell era o médico pessoal de Adolf. Na carta ele recomendava cuidados com o único testículo do Fuhrer, e receitava uma pomada antialérgica. Dentro de um envelope maior, achei inúmeras fotos de nádegas de mulheres, homens e crianças nus. E mais fotos de mulheres nuas de um famoso estúdio fotográfico de Berlim. O que significava tudo aquilo? A quem pertenciam aquelas coisas? Ao ocupante daquele quarto? Ou era material sigiloso do Fuhrer? Eu tinha pressa, e continuei abrindo outros envelopes. Uma carta de uma tal de Stefanie...para Adolf. Uma carta de amor!!! Mas como? Com endereço de Linz. Uma caligrafia praticamente ilegível. Passei sem demora a outra. Uma carta de Erna Hanfstaengl, quem seria esta fulaninha? "Adolf, meu potrinho, tenho saudades do teu galope"...que vulgar. Ensandecida,comecei a rasgar todos os envelopes, procurando pelos remetentes de tão desditosas missivas. Outra carta agora de Winifred...Winifred? A nora de Wagner? Não é possível. Por isso ele nunca saía da casa de Wagner! E eu que cheguei a achar que ele estivesse interessado no próprio Wagner!!! Como fui tola. Minha cabeça começou a girar e tive de me apoiar na cômoda para não cair. Respirei fundo e voltei à minha função. Eu não sairia dali sem saber de tudo, sem olhar aquela merda toda. Foi então que um pensamento atravessou a minha mente, paralisando-a numa só frase: Aquele era o quarto secreto do Fuhrer! Sim, Frau Raubal, a governanta, já havia comentado comigo que Adolf possuía um aposento privativo que a ninguém era permitido o acesso. Nem as criadas podiam entrar para fazer a limpeza. O quarto secreto do Fuhrer!!! Sem perder tempo, e amedrontada, voltei às cartas. Um envelope estranho chamou minha atenção, estava coberto de flores desenhadas e exalava um forte cheiro de alfazema. Remetente...Geli. Hum...Geli,Geli,quem seria? O que diz a carta? Vejamos..."Queridinho,queridinho, por que me proibistes de minhas aulas de canto? Não sabes que cantar era toda a minha vida? E que agora minha vida se resume a ti? Menino levado, quando vires aqui(e espero que seja em breve) vou te colocar de quatro e te bater muito até tua bundinha sangrar. (Lembra do nosso chicotinho?) Se continuares assim tão mauzinho comigo, não faço mais xixi em você..." Aaargh!!! Quase fiquei vesga. Eu não acreditava no que estava lendo. Que despudor! Meu estômago revirou. Como eram capazes? Como ele era capaz de fazer isso comigo? Eu, que fazia de tudo para satisfazê-lo. Transformei-me em uma bonequinha de luxo, a boneca cobiçada de toda a Germânia, só para agradá-lo e agora uma outra fazia xi...não, não tenho nem coragem de repetir. Estarrecida, saí correndo daquele lugar e atravessei o corredor à procura de minha alcova. Eu não me enganaria novamente. Reconheci a porta e entrei sem demora, ainda enjoada, tonta, minha cabeça latejando. Desabei em minha cama e Frau Raubal despiu-me com cuidado.



- Por que demorou,Fraulein? Nosso banho de sais já está pronto há tanto tempo.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui