Por decreto, que sejam esticadas as letras.
Os versos tomem distâncias continentais, e,
os poemas façam chover suas letras sobre a terra,
para que o momento nunca acabe.
Sorrateiramente, aqui e acolá,
duendes vindos de não sei onde
puxem o papel onde se deitaram as letras,
e onde foram formados poemas,
para que cubram toda a terra,
e em volta dela, amarrem-se a fitas
com nossas inscrições bordadas
com nosso precioso suor,
com nossas cores interiores
e o mundo seja nosso como um presente.
Por decreto, digam ao relógio
que estanque seus movimentos,
paralisem seus segundos,
atrofiem seus braços.
Por decreto paremos nós,
na tentativa ingênua de esticar o tempo,
no desejo mais profundo que o mundo pare,
e perpetue esse momento.
Valentina Fraga |