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Poesias-->O rei ébrio -- 16/12/2001 - 11:22 (Edio de oliveira junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um homem um dia

Passando estava em frente

À um prédio imenso, bêbado ( como não

Podia deixar de ser. )

Uma cumbuca de pinga na mão,

Cigarro na outra:



“Ser imenso! Qual o tamanho

do seu coração?”

E o prédio ficou calado.

“Ser imenso! Deves amar com fidelidade...”

Ele olhou para outros lados,

Prédios, prédios e mais prédios,

Gritou com todos!:

“ Seres imensos, não se acham dignos

de dialogar com um ébrio?!”

enquanto isso um carro lhe toma a atenção.



Vum!! Cem por hora no centro

Da cidade,

Ele toma mais um gole

E outro mais,

Acende outro cigarro

E os carros vão passando,

Um atrás do outro,

Cada um mais veloz...



“Carros! Se tens tanta pressa, me recuso

a chamar-lhes a atenção.”

Ele para

Senta-se ao meio fio, cai,

Um rapaz o levanta:

“obrigado “, ele agradece.

o rapaz já estava longe...

Nem atenção lhe prestou.

Ele discursa:



“Oh! Terra sem reis e sem amor

é possível se encontrar bondade

maior que a riqueza?

Eu não sou digno de pena, não! Ouviram!!!

Não! Eu sou mais! Eu sou o grande

Entre os homens,

Sou grande e minha grandeza

É maior que esses prédios seus

E que suas visões estreitas.



De que lhes servem o poder e a satisfação?!

Suas famílias e seus sonhos?!

Essa cidade imensa que ousaram construir?!

Eu já não tenho casa, mas há muito

Já não tenho a cegueira...

Sou desprezado por vocês,

Por vocês que mentem...

Saiam nas janelas e ouçam a verdade, seus hipócritas!

Carros, abram suas portas,

Homens, mulheres e crianças enfim...



Qual dignidade tens no espírito ou no corpo

Para me olharem com desprezo?!

Oh! Homens de estranhas conclusões,

Vocês estão tão à beira da morte

E da destruição e ainda ousam

Alçar em mim o seu desprezo?!



Vejam que meu cérebro é produtivo

E meu coração possui humanidades imensas,

Devo Ter, por merecimento, valor e respeito!”



Por um instante ele se cansa,

Mais um trago de bebida,

Mais um trago no cigarro,

O suor lhe escorre...

A cidade imensa não se altera

E os homens são cada vez

Mais velozes e destinados.

De súbito lhe surge uma náusea,

O vômito vem...

É sangue puro e vivo!

Todos aceleram os passos

Ao se depararem com a cena...

Ele enxuga os olhos,

Limpa a boca,

Se enfurece:



“ Eu sou o rei!

Vocês são cães do meu quintal

Alimentados à molho e fubá!

A maior virtude da alma

É a autenticidade,

Nesses trapos que me vestem

Há verdades suficiente,

Debaixo desses ternos luxuosos

Eu vejo porcos sedentos por poder.



Ouviram!!!

Parem todos perante

A verdade do rei!...

Uma guerra está próxima!

Vocês não conseguem ver

Mas eu vejo!

O mundo se destruirá ao som

De bombas e trombetas,

Os poucos de vocês que sobrarem

Se unirão a mim na miséria total...

AH, AH, AH, AH, AH....

Mas verão que não há

Miséria alguma.



Corram seus hipócritas!

Corram com seus olhos fechados

À verdade,

Ignorem o rei que vos fala

E que vos oferece a salvação

De mãos beijadas....

Mas saibam que seu destino

Está batendo à porta!



Eu sou o rei!

Tenho poderes ilimitados em minha mente,

Sou o profeta do caos

Desta cidade imensa”



Um moça se aproxima.



“venha aqui, minha amiga!

Você teme que a fúria

De nosso Deus recaia

Sobre seus ombros?”



“Não sei...”



“Volte aqui, minha amiga!

Não me dê as costas!

Ouça a verdade!...



Vocês, seres humanos!

São mesmo estranhos...

Cada um de vocês se acham

Maior que todo um universo

Que todo o oceano

Que todo um Deus...



Como pode residir em um peito

Falsidade e hipocrisia tamanha?

Mostrai-me pai, uma maneira

De fazê-los ouvirem e converterem-se...”



A cidade aos poucos

Vai parando para

A hora do almoço,

O ébrio se alegra:

“Enfim uma leve calmaria...”



uma pausa para mais um gole

E outro, e outro cigarro,

Sua cumbuca de pinga esvazia-se,

Ele procura outro cigarro na carteira

E não encontra.



Ele se encosta à sombra de uma árvore,

Observa umas poucas pessoas

Passando à sua frente,

Respira bem fundo,

Cospe:



“Eu sou o re..., o rei!

Cof, cof, cof, cof...

Lancem contra mim o seu desprezo

E ainda assim lançarei

Contra vocês a minha bondade,

Sob este sol que me ilumina,

Sob o álcool que alimenta,

Sob o fumo que sacia

Eu juro servir a vocês, meu súditos,

Mesmo sob todas as formas

De desfeitas.



Vocês estão inseridos na inocência,

São cegos, inconseqüentes...

Mostrarei-lhes a direção

Como um bom pai,

Sob a jura de sua lealdade

Ou não,

Pois se uma estrela existe

É sob o pretexto de nos servir sua beleza,

Se existe um sol

É sob o pretexto de nos servir a luz,

Assim também existo

Sob o pretexto de guiar-vos à verdade,



Dêem glória a seu rei

Pois alguém que se presta a tal tarefa

É definitivamente digno

De todas as honras do mundo...”





O pobre senhor ébrio

Deita-se à sua sombra,

Sua cumbuca vazia,

Seu último toco de cigarro...

A cidade vai-se movimentando

Novamente para uma tarde de trabalho.



O senhor, com toda a grandeza do mundo,

Fecha os olhos deitado aos pés de sua árvore!

Entre babas e lágrimas

Exalam-se alguns sussurros:



“Eu sou o rei, eu sou o rei, eu sou o rei...”

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