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Poesias-->A odisséia -- 16/12/2001 - 11:32 (Edio de oliveira junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
I

(meu surgimento no mundo)



Surgi num mundo áspero

Entre homens que se orgulham de coisas tão pequenas!

Entre mulheres que se mostram,

Crianças que não pensam

Entre guerras e vozes perdidas



E vi o mundo com meus próprios olhos,

A ele dei meu significado

E permaneci indecifrado até os dias que se correm...



Vinte e três anos e há um sol que teima

Em não dizer por quê nasce!

Vinte e três anos e há uma lua que teima

Em não dizer por quê chora!

Vinte e três anos e há um mar que teima

Em não dizer por qual motivo insiste

Em quebrar à praia de homens.



Vinte e três anos, nem ao menos uma certeza...



Eu me dediquei ao mundo com coragem!

Àqueles que se dizem iguais , ouvi-os com atenção...

Abracei com ternura os animais da natureza,

As mulheres do mundo,

Dialoguei comigo mesmo diversas vezes

E por diversas vezes não encontrei sentido nas vozes que ouvia,

Nem no olhar das pessoas, No alarmar da natureza,

Em tudo a que me dispunha.



Chorei por fim quando devia chorar,

Fiz todas as coisas como manda a realidade,

Ou o que não é realidade,

Ou o que o homem se dispõe a seguir veemente

Ou aquilo tudo que nos leva ao nada.



Chorei por fim o quanto devia!

E tudo que vejo são sombras em asfaltos

Que cruzamos e nem vemos.



Mas por quê nasci em meu mundo,

Onde tudo é um jogo de cartas marcadas

E meus braços permanecem atados?!

Por quê nasci?!

Para não acreditar?!

Para ver que na vida dos outros

Tudo se completa e tem sentido

E se felicita?!



Olho-me ao espelho

Vejo-me dizendo coisas que sonhei para mim

Vejo-me com várias bocas,

Bocas de pessoas que admirei,

Encarnando-me em suas vozes

Para açoitar no eco dos meus pesos

Minha indiferença...



E assim fui a criança, o adolescente, o jovem...



Atirado à uma realidade mórbida

Indiferente à minhas curiosidades!

Iluminado por um sol que se cala,

Que passa desapercebido...

Afugentado por uma lua que nos olha

Mas que também se cala...



E assim, não encontrei explicação nos homens,

Que são as vezes tão sábios...

Explicações para perguntas aparentemente tão simples...



Me recuei! Eu me recuei como os homens se recuam.

Me recuei como a lua se recua.

Me recuei como o sol se recua...



E além de tudo fui humano! Ah! E como fui humano...

Humano como poucos foram, Rude como poucos foram,

Gentil como poucos foram, Inteligente como poucos foram,

Falso como todos são.



Fui além de tudo, humano!

Sem quê nem pra quê!



E por não encontrar minhas respostas

Calei a voz que embalsamava minh` alma

E sobrevivi, Desenhando a cada noite

Um traço a mais de minha cova,

Adorando mais os mortos que os vivos às vezes,

Dando ao sobrenatural o meu desprezo

Pela desatenção à mim prestada.



Enquanto isso eu envelhecia...

O sol nascia da mesma forma. A lua morria igualmente,

Comprovando minha idéia de que A vida é uma grande insônia...

II

(a descoberta do ser)



Era tarde, Uma rosa branca desenhou no chão

Um canteiro para todas rosas mortas. Eu era bem jovem

Mas me lembro de estar ali, olhando-a...



Ela, sozinha, Sem céu, sem estrada, Sem vento, sem alegria,

Sem força, sem vida...



Eu, sem o remorso De ranger os dentes,

Ou a apatia de fazer algo Por sua vida...

Eu olhava-a, ela não era a rosa!

Ela estava presa! Ela era eu...

Cravado no mundo de raízes venenosas

À espera do acaso, do destino, nem sei...

Vivendo uma odisséia que se Turva em uma realidade sub-real,

Sendo “o” fato fictício “de fato” .;

O pacto meu fixado Com o mundo às avessas...



Eu era bem menino Mas me lembro que chorei...

Chorei por um mundo que se debruçava sobre mim.

E eu não entendia!

(mesmo que entendesse não suportaria)

Eu estava ali! Apenas estava ali...



Era bem jovem Mas me lembro ainda de um céu fosco,

O céu das tardes mais odiosas,

Um céu de sangue negro!

O relâmpago vem à meu encalço...



Eu pensava comigo mesmo:

“Vá, tempestade! Açoitar nos seus ombros

a dor do poeta! Porque sou poeta... porque sou poeta...”



E o relâmpago se condensava

A olhar meus passos. Ele era odioso, furioso!



Eu o sentia... Não era ele quem odiava,

Era eu! Eu era o relâmpago...



Sou assim. Surgi num mundo áspero

Entre homens que se orgulham de coisas tão pequenas!

Entre mulheres que se mostram,

Crianças que não pensam, Entre guerras e vozes perdidas



E me coube forças ainda Para querer o mundo à meus olhos...



Vinte e três anos e há ainda um ser em mim Que inveja!

Vinte e três anos e há ainda um ser em mim Que julga!

Vinte e três anos e há ainda um ser em mim Que se engana!

Vinte e três anos e há ainda um ser em mim Que odeia!

Vinte e três anos e há ainda um ser em mim Que ama

Vinte e três anos e há ainda um ser em mim Que espera...



Eu dei ao mundo o meu significado,

Enquanto ele se calava, Se calava, Se calava...



Não era o mundo que era áspero,

Eu quem sou! Eu sou o mundo! Eu sou um mundo à parte...



Um mundo à parte como uma longa sinfonia de Beethoven,

Um mundo à parte como um breve pensamento de Kant,

Um mundo à parte como a rosa solitária, o céu furioso,

Um mundo à parte como alguém que vive, alguém que sonha, alguém que morre,

Um mundo à parte como o marceneiro que trabalha do outro

Lado do mundo...



Um mundo à parte como você!

O mundo à parte como o sorris que vejo-te dar...



E quanto mais separado me sinto,

Mais unificado estou.

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