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Erotico-->LIZ E MIRELA -- 19/05/2002 - 23:37 (Reginaldo dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A idéia de filmar algumas vítimas me ocorreu quando eu assistia a um desses programas sensacionalistas. Senti-me impressionada quando um homem, olhando para o céu, como que procurando os olhos de Deus, abria os braços e, em seu silêncio eloqüente se podia ouvir: por quê? Este homem acreditava que seu filho era inocente, e eu sabia que não era, pois o tinha matado, e havia motivos mais que suficientes para eu fazê-lo. Sei que muitos familiares preferem fechar os olhos. Gostaria que não houvesse os bons ladrões, os hipócritas a se arrepender no último instante, quando tudo é desconhecido e negro, mas não há coragem, não existe ética e, sobretudo, não há honra. A palavra de um homem vale pouco nos dias de hoje. Quase nada.


Quando Jorge Revelo entrou em seu apartamento e acendeu a luz, estávamos em seu quarto e ouvimos a porta ser trancada. Além da chave, uma tranca na parte superior da porta. Foi direto para a cozinha, depois. Abriu a geladeira, apanhou uma cerveja long-neck, ligou a tevê e deixou num filme de lutas marciais. Nada comparado aos filmes de Bruce Lee a que eu assistia quando criança. Do quarto, acompanhava seus movimentos.
Terminada a cerveja, levou a garrafa para a cozinha, encheu com água, desligou a tevê e entrou no quarto. Somente ao acender a luz deu por nós: eu atrás da porta, Mirella deitada ao lado da cama. Pela proximidade e por ter duas armas apontadas contra si, não reagiu. Sentou-se na beirada da cama e apontei a arma para os sapatos e a calça. Quando tirou a calça, a arma caiu sobre a cama. Mirella a apanhou. Um trinta e oito cano curto. Depois tirou os sapatos e as meias e desabotoou a camisa, ficando somente de cuecas. Mirella puxou a maleta que estava sob a cama e apanhou a filmadora. Montou o tripé na entrada do quarto e posicionou a câmera de frente para a cama.
- Que vocês vão fazer, um filme pornô? Vocês são bem gostosinhas!, disse sorrindo, mas nosso silêncio o incomodou mais que qualquer palavra. Estava ficando inquieto, por isso pedi que Mirella fosse buscar cerveja para todos.
- Tem para nós três?, perguntei a ele.
- Olha, garota, tem cerveja, maconha, ecstasy, pó, tem uma nove milímetros, seiscentos dólares, relógios, corrente de ouro... pode levar, cara! Leva! Na boa!
- Mirella, joga uma cerveja pra ele! Fica atrás da câmera! E você, seu porra, escuta o que eu vou dizer, porque se precisar repetir, corto seus dedos, entendeu?
- Eu tenho mais, cara! Pega meu carro! Tenho uma moto também!, falou alto.
Aquele traficante maldito estava querendo chamar a atenção dos vizinhos, por isso levantei a barra da calça e puxei a faca. Fiz psiu! Ele se calou.
- Se me interromper de novo, corto um dedo, entendeu?, disse rispidamente e passei a faca em sua coxa, fazendo um corte fino.
Gemeu e balançou a cabeça, repetindo que “tudo bem, tudo bem, tudo bem” . Estávamos prontos.
- Encosta na cabeceira da cama, vou te fazer umas perguntas! Quando der o sinal, você responde. Se mentir, perde um dedo. Se não falar, perde um dedo. Entendeu, Jorge?
- Entendi!, choramingou.
- Presta atenção: há quanto tempo trafica, o que trafica e onde vende? Ah, antes diz seu nome e idade!
Fiz sinal, ele olhou pra câmera, depois pra mim, e começou.
- Meu nome é Jorge Revelo. Tenho vinte e seis anos e moro em São Paulo faz três anos. Sou de São José dos Campos e trafico desde os dezoito anos. Saí de São José porque queriam me apagar. Um chegado meu descobriu e me deu um toque. Vim pros Jardins porque é onde o dinheiro circula, e porque sempre vendi pra Playboy. No começo, só vendia maconha e pó, mas quando eu comecei a sair à noite, ir pra danceteria, a ver o pessoal com garrafinha de água na mão, saquei que o lance era ecstasy. Consegui um fornecedor, mas não podia vender nas casas onde ele já tinha gente, então fiz amizade com uns playboys do colégio Borba Gato e eles começaram a distribuir pra mim. Só ecstasy, porque pra maconha e pó eu consegui freguesia fixa em menos de dois meses. Meu produto é bom, farinha de primeira!
Faço um sinal e ele pára de falar.
- Que vocês vão fazer com a fita? E comigo?
Toma alguns goles e me olha à espera da resposta. Está apreensivo, mas não criará problemas se eu fizer parecer que as fitas são somente para o chantagear.
- Primeiro, vamos copiar! Três, quatro cópias! Uma comigo, outra com a Mirella, duas em cofres de banco. Vamos te fazer mais algumas perguntas, levar os presentes que você listou, mais uma coisinha ou outra e depois te libertamos!
-Que perguntas?, quis saber.
Desta vez, fiz um talho mais fundo. O sangue brotou rapidamente. Joguei o lençol e ele amarrou a perna. Olhou para a janela, depois para a cômoda, para mim, para Mirella, fechou os olhos, tomou outro gole – este, mais longo -, recostou-se novamente na cabeceira da cama e aguardou.
-Não me interrompa novamente, entendeu? Quantas pessoas já matou, Jorge? E quantas já mandou matar?
- Só matei duas pessoas, até hoje! Mas eles não prestavam! – justificou. Roubavam a vizinhança. A polícia não saía mais da redondeza. Dois carinhas que moravam numa travessa da Rua Cubatão. Teve até um dia em que tentaram violentar uma garota. Um camarada meu, que era louco por essa menina, me entregou que tinham sido os mesmos que estavam barbarizando o bairro, e como ele morava perto dos dois, foi só eles saírem na noite seguinte pro telefone tocar. Saí com a moto no maior gás. Quase meia-noite, cruzo com os dois: o menor com toquinha de lã da Nike e o outro com jaqueta de couro com flâmula do Chicago Bulls. Exatamente como meu camarada tinha falado. Subi com moto e tudo na calçada, dei um tiro em cada um, voltei, descarreguei o trinta e oito. Ali na Cubatão tem pedaço que só tem prédio comercial, loja... não vi uma cabeça em janela de prédio. Fui pra avenida vinte e três de maio, tirei a fita adesiva da placa e voltei pro apartamento na maior lerdeza que não queria dar bandeira com o ronco da moto. Nem polícia, nem porteiro, nem testemunha, porra nenhuma! Mas também foi só, cara! Não matei mais ninguém nem mandei matar!
Termina de falar e olha novamente pra cômoda. Levanto e abro a primeira gaveta. Nem preciso levantar a roupa pra saber que a nove milímetros está embaixo. Jogo a roupa sobre a cômoda e pego a arma.
- E as balas?
Não olho pra ele quando pergunto. Quero que saiba que temos o total controle da situação.
- Na gaveta de baixo! Não tem muito!, emenda enquanto pego tudo e enrolo numa camiseta.
Ouço um barulho seco e seu corpo tomba. Algo que também preciso ter: um silenciador.
- Vamos fazer a faxina?, pergunto pra Mirella.
Ela se aproxima, me beija e sussurra em meu ouvido: - Ai, Liz...
- Vamos para a sala, então! Aqui eu não conseguiria!, respondo enquanto me deixo levar.







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