A certeza de não ter medo
É a coragem de ter medo!
Mas onde está esse homem?
Onde está esse ser superior
Capaz de viver um enredo
Sem ter medo de ter medo?
Casar-se e usar no dedo uma aliança,
Cúmplice sarcástica da insegurança!
Mas o que há de se fazer poeta?
Matar um pobre homem de medo?
Deixe-o usar sua égide aliança
E conviver tranqüilo na insegurança.
É medo da vida e da morte,
Medo do tudo e do nada,
Medo do azar e da sorte,
Medo de respirar uma flechada
E sucumbir, ridículo, sem passaporte,
Sem o reforço de uma espada.
Medo de amar uma mulher feia,
Medo de amar uma mulher bela,
Medo de não amar ninguém...
Sofrer o sofrimento de querer,
Chorar porque não tem dinheiro,
Transformar-se em refém do desespero!
Medo... para que tanto medo?
Palavra arraigada de segredo,
Fruto de todos os movimentos,
Seja na tristeza ou no enlevo,
Na ambição, no amor ou na paixão,
Tudo é medo, até mesmo a razão.
ALAOR TRISTANTE JÚNIOR
alaorpoeta@ig.com.br
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