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Cronicas-->___CPF___ -- 17/06/2001 - 20:54 (Juraci de Oliveira Chaves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



01/12/00 Pirapora MG

_____CPF____

Juraci de Oliveira Chaves

Da janela do meu apartamento, observo uma enorme fila que se estende por toda a Avenida Pio XII. Os motoristas apressados, só percebem a multidão, quando já estão muito perto das pessoas. Há o perigo de atropelar alguém.
A árvore grande do canteiro central, precisando de poda, dificulta a minha visão. É muito bonita quando está podada, toda arredondada ou mesmo quadrada, mas atualmente, a prefeitura esqueceu dos canteiros da rua principal da cidade. A grama do canteiro, que antes era um tapete verde ficou marrom, todo seco. Não se vê mais a máquina, jogar água sobre as plantas, das praças e ruas. Está encostada, não por ter quebrado, mas porque foi o prefeito anterior que comprou... Que falta de princípio, Meu Deus!
Fico ainda mais curiosa e pergunto a mim mesma:
- Por que tanta gente aglomerada num mesmo local? Deve estar acontecendo alguma coisa estranha!
Tento ouvir o que as pessoas falam mas as palavras se chocam e não dá para ouvir coisa alguma...
A polícia chega, a chamado de alguém, tentando por ordem no recinto, muito apertado onde está o caixa, sem sucesso. O povo perdeu o respeito pela polícia. Deve ser porque os valores da sociedade, estão sendo invertidos. Está faltando educação nas bases. A criança chega à escola, já levando conhecimentos adquiridos no berço familiar, mas também deve adquirir outros conhecimentos de vivência, como saber obedecer a fila, os direitos do outro, senão, na prática, reflete neste caos que vejo agora. É um chega pra lá... Eu preciso ir acolá antes do banco fechar, etc...
Ouve-se um barulho estranho e D. Marta, senhora encurvada pelos seus setenta anos gritou:
- Seu polícia! Este homem deu um empurrão em mim só porque eu reclamei que ele furou a fila e passou na minha frente... Eu com setenta anos e não ser respeitada por este senhor! Sabemos que ele não chega aos trinta!
O policial olha de escanteio, e vê que o indivíduo já está pagando o seu requerimento do CPF no caixa.
Agora entendo o motivo da aglomeração. É o último dia para fazer o recadastramento dos isentos de imposto de renda.
Será que só tem este lugar para se recadastrar? Pergunto a meus botões...
Chego mais perto da grade e uma senhora de idade avançada chama-me apressadamente:
- Dona! A senhora pode preencher este cartão para mim? Estou quase chegando na "boca do caixa´ e não sei fazer isto; também não enxergo direito e esqueci os meus óculos, em casa. Sair apressadamente dá nisso.
Desço as escadas, sento-me no degrau da porta e começo a responder o cartão, tentando ler os números apagados nos documentos já marcados pelos janeiros.
Enquanto escrevo, pensamentos giram no meu cérebro. Feliz, deve ser esta senhora por ainda estar resolvendo os seus problemas, mesmo com dificuldades. Será que não tem algum parente que possa acompanhá-la? Coitada! Aliás, coitada não! Ela está aqui, lúcida, com esta idade e muitos jovens estão morrendo, no mundo das drogas, contaminados e contaminando mais pessoas. As estatísticas cada dia sobem mais.
Assusto-me com a voz trêmula da velhinha chamando-me à realidade. Apontando para a direita ela diz:
O rapaz daquela mesa ali, cobra R$1,00 para completar, mas eu só tenho os R$0,50, da loteria. A senhora não cobra não é mesmo?
Lamentei silenciosamente: - como os velhos não são respeitados neste país!
- Não, eu não cobro e pode me tratar por você, Nossa Senhora está no céu.
- Ah! Ah! Ah! Só assim para eu dar esta risada.
Pegando o papel preenchido, disse:
Esta tal de Maria não existe e nem existiu. O pastor disse que isto é coisa de católico. Não acredito nela mas acredito em Cristo.
- E quem foi a mãe de Cristo?
- Dona, ela só O gerou. Cristo precisava de vir e veio através dela.
- Então ela não é importante?
- Meu pastor disse que não!...
- E o que acha a senhora?
- Dona, o papo está bom, mas o meu lugar na fila, já está
chegando! Muito obrigado! Depois conversaremos mais.
- Até logo e lembre-se do ditado: "Religião não se discute,"






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