ODE A PIETRO
Do nada surgiste.
Minha pedra, minha rocha.
Pronto ao debate, ao dialogo,
a conhecer pormenores,
da minha escrita,
sugerindo versos,
oferecendo ombro,
o colo nescessário em tempos de ausência,
tempo de dor e saudade.
Sugerias que eu brilhava,
na intenção sincera de fazer fluir,
o verso que já ficava excasso.
Antes que te ausentasses, porém,
tornaste vivo novamente o sentimento.
Te sabia desde sempre,
e se fosses música,
te saberia desde os primeiros acordes,
e se fosses um quadro,
te saberia desde a primeira pincelada.
E mesmo sabendo me fiz de ausente.
Eras então como uma ficção,
uma obra de nós mesmos,
o desejo oculto não querendo mostrar-se.
Me fiz de tonta, aceitando teus convites,
e cada vez mais, me embrenhava na história
de nós dois.
Nos ocultamos em outros nomes,
em personagens outros,
a desviar olhares antes de deixarmos para o mundo
uma pista do desejo insistente que urge em nossas entranhas.
Caí ordeiramente em todas as tuas teias,
em todos os teus estímulos,
em todas as tuas intenções,
de me fazer uma apenas, com meu amor,
quando de fato, eras tu.
Quero-te, desde sempre, como a mim mesma,
Quero-te inteiro, com verdades,
e personagens inventados,
Quero-te, desde o olhar de soslaio,
ao mais íntimo dos encontros,
Quero-te, pra possuir teu corpo
e sugar tua alma, até que te sinta dentro de mim.
Quero-te assim,
pessoa e personagem,
em um só ato de amor.
Quero-te assim, flamejante,
com o prazer que só sentem
os verdadeiros amantes.
Valentina Fraga
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