Sexo maduro
Não há de ser nada.
Já estamos na meia idade,
aliás, contando bem, pela idade média da população,
dela já passamos.
Nos sabemos desde sempre, com inteireza.
Corre em nossas veias, o sangue renovado,
mas antigo.
Aquele mesmo sangue, que inúmeras vezes entumesceu o nosso
sexo, violentamente, a fim de explodir em sensações,
em gozos infinitos, em nossa promiscuidade particular.
Nos sabemos desde sempre.
Onde estão nossos melhores esconderijos,
nossas melhores sensações,
nossos cantos mais sensíveis,
nosso paraíso particular.
Até nosso olhar já é antigo,
e nos sabemos, mesmo quando
num lampejo nossos olhos se encontram, sem querer se encontrar.
Somos, como um encontro de almas em universo paralelo.
Perto, e tão distante, tão impossível,
mas tão maduro, tão gostoso de sentir,
de tocar.
Somos mesmo esse fruto maduro, e dentro de nós amadurece o desejo infindo, o desejo que não se consome, o desejo plantado, nascido, florido, vingado, de poupa doce e macia, de carne suculenta.
Somos sim esse "fruto delicioso que amadurece lentamente".
Valentina
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