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Contos-->O cristão e a fera -- 22/10/2001 - 20:06 (Clair Ienite Gobbo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Terríveis tempos aqueles; a perseguição aos cristãos ocorria de forma sistemática e insidiosa; cumprindo ordens do Imperador, os soldados romanos percorriam os vilarejos de Roma à cata daqueles que professavam sua fé no cristianismo.
Fugindo de tais buscas, eis que um cristão de nome Andrócles busca refúgio nas florestas que circundavam a antiga Roma e lá passa a viver.
Ao chegar à floresta, busca homiziar-se em uma caverna, nela penetrando. A completa escuridão do esconderijo não lhe permitiu enxergar um leão que ali também penetrara e dali fizera o seu refúgio.
Apurando melhor sua visão, já que fora despertado pelo alto rugido da fera, pode então Andrócles divisar a figura da fera que com ele estava cara a cara.
Ambos assustados, fera e homem, tentam recriprocamente recuar, iniciando a fera esse movimento de retrocesso.
Ao movimentar-se, deixa a fera perceber que claudicava, pois não se firmava com todas as suas potentes patas no solo pedregoso da caverna.
Isso percebendo, Andrócles tenta dela aprochegar-se, cautelosamente, sem que fosse pelo leão rechaçado.
Inicialmente, ao seu lado permaneceu sem que a fera esboçasse qualquer reação contrária à sua presença.
Em seguida, com extremo cuidado tenta afagá-la. Imediatamente recolhe sua mão, num lance instintivo ao rugir da fera e percebe que lhe falta um pequeno pedaço na orelha.
Em outra tentativa se lança o cristão e desta feita, aquela horrenda fera deita-se para deleitar-se com aquele afago carinhoso.
Buscando conhecer o motivo por que o leão estava há pouco a claudicar, examina as suas patas e em uma delas percebe a existência de um espinho que transpassou-lhe a parte mais carnuda da região plantar que lhe servia de apoio.
Com cuidado, pouco a pouco dali foi retirando o estranho objeto que estava a prejudicar a andadura da fera até removê-lo completamente.
Logo após, dali retirou-se buscando junto à verdejante clareira que se apresentava no limiar da entrada da caverna planta que, do seu conhecimento, pudesse ser utilizada na cicatrização da ferida da fera.
Sem demora, para lá retornou com o seu achado e com a planta envolveu a pata do leão, novamente saindo à cata de comida para a fera.
Não foi difícil encontrar nas cercanias da caverna um coelho que, logo logo, foi entregue ao leão, para seu repasto.
E assim, cristão e fera tornaram-se grandes amigos e homiziando-se na caverna, ambos passaram ali a viver.
Dias havia em que a própria fera fazia suas caçadas e ao cristão levava o produto do seu trabalho.
Em outros, o cristão se incumbia de alimentar a fera com o que abatia em suas caçadas.
Ocasiões outras, fera e cristão, juntamente caçavam e à caverna retornavam para ali deleitarem-se com o que haviam abatido.
Em Roma, o clima continuava cada vez mais tenso e as buscas aos cristãos mais e mais se intensificavam, com a soldadesca romana ampliando o seu raio de ação.
Em uma dessas buscas, eis que os soldados se dirigem às cercanias das florestas onde, desavisadamente encontra-se o cristão que é imediatamente aprisionado.
Acorrentado, assim é levado à Roma, onde é lançado em inexpugnável prisão, ali permanecendo com tantos outros companheiros da fé cristã, os quais somente estavam a aguardar a terrível hora da execução a ser determinada pelo Imperador romano.
Não seria uma simples execução; as regras assim impunham; antes da fatal hora haveriam de proporcionar imensa satisfação aos tantos cidadãos romanos que prazerosamente compareciam ao circo montado dentro do Coliseu.
Nesses festivos mas, tristes dias de espetáculo, antes da sua realização, percorriam as ruas os arautos anunciando que a horas tantas de tal dia, seriam realizadas no circo romano apresentações das mais variadas, culminando com lutas de escravos travestidos de gladiadores que buscavam o status de cidadão romano acaso sobrevivessem às sangrentas pelejas, finalizando o festivo evento com a desigual luta entre esfaimados leões e impotentes cristãos que à arena eram lançados.
Eram portanto espetáculos com que muito se aprazia a comunidade romana.
Nesses dias, a cidade se engalanava para assisti-los.
A história nos conta que dificilmente ascendia à condição de cidadão romano o escravo que sobrevivesse às cruentas lutas nas quais enfrentavam seus parceiros de infortúnio, todos na condição de gladiadores, até à sobrevivência de um único a restar na sanguinolenta arena.
Quanto aos cristãos, uns pobres coitados, enclausurados nas prisões romanas e subalimentados só lhes restavam entregarem-se à sanha irracional das feras que logo após a eles, eram lançadas à arena.
Num desses espetáculos, diga-se espetáculo porque assim se tornou de fato, após os combates individualmente realizados entre os gladiadores, abriram-se os portões que davam acesso à arena e centenas de cristãos foram ali lançados.
A multidão exultava; era chegado o grande e crucial momento em que iriam se deparar feras e homens.
Os cristãos, com suas esfarrapadas vestes, recolhiam-se aos cantos da arena, neles buscando um refúgio que não encontravam.
E o nosso Andrócles no meio desses mesmos cristãos ali também se encontrava.
Submetido a tanto sofrimento tal qual seus companheiros de infortúnio, sua macilenta figura por si só já demonstrava igualar-se à penúria dos demais.
Todos buscando se proteger em campo aberto, inutilmente.
Aos brados exigia a multidão que fossem abertos os portões da arena gritando: morte aos cristãos!
Presente o Imperador romano, o conquistador e o todo poderoso, quedando-se aos pedidos de seus súditos, determina a abertura dos portões ordenando: soltem as feras!
Imediatamente são abertos os portões e dezenas de esfaimados leões, embora assustados com tantos brados e gritos, sejam da multidão, sejam dos próprios cristãos sobre estes avançam.
Muitos cristãos já se ajoelhavam de mãos postas, bradando aos céus que lhes desse morte rápida.
Andrócles que se encontrava nessa multidão, do grupo de destaca e imediatamente corre para ele uma daquelas feras que, posicionando-se ao seu lado parece buscar protegê-lo.
E de fato o milagre aconteceu!
O leão que se posicionou ao lado de Andrócles de fato o protegia contra as demais feras, não permitindo que estas perto dele sequer chegassem.
Estranhando a atitude da fera, Andrócles saudosamente lembrou-se do leão do qual havia se tornado amigo quando da sua fuga da cidade de Roma, tentando nessa mesma fera encontrar qualquer sinal que pudesse identificar o amigo de outrora.
E observa de fato ser aquele mesmo companheiro, pois está a lhe faltar um pequeno pedaço na orelha.
Desse dantesco espetáculo consta que o único cristão sobrevivente foi Andrócles a quem o Imperador romano impressionando-se com a amizade que a fera lhe dedicara se decidiu por libertar o cristão, levando para o seu palácio fera e homem que lá viveram por muitos e muitos anos.


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