Aguardava silente, no mesmo banco de jardim, a chegada imprevista e esperada. A hora passava. Remexia-me no banco, sem alimentar esperanças, pois delas, já estava alimentada.
O vento escasso movia apenas pequenas folhas. O calor intenso ressecava o solo e fazia suar.
Em cada transeunte que passava na frente da casa, buscava algum traço teu. Em cada placa de carro, corria os olhos, e nada.
Era uma espera que cansava, que não vinha, que não trazia.
As horas passavam, e como uma namoradeira de barro, exposta na varanda, lá estava eu, a esperar, inutilmente, por alguém que não chegava, que traria as mãos pra afagar meu corpo, que traria os braços pra o abraço mais apertado, que traria o beijo, na intenção de incendiar o corpo, e traria o gozo, o melhor deles, o mais profundo, o melhor de nós dois.
E na voz, melodiosa, poética, a falar junto ao ouvido, versos de saudade e amor.
O tempo passava.
Os ossos todos já emperravam a cada cruzada de pernas, a cada esticadela, na intenção de buscar.
E assim passavam as horas, passavam os dias, a esperar, imóvel,
na certeza de que qualquer dia irias chegar.
Valentina Fraga |