Aproveitando os dias de feriado, na paz e no sossego de um lugar bastante aprazível, deixava meu corpo moído depois de um acidente doméstico, jogado na rede, que, de certa forma, acomodava bem meu corpo dolorido.
Aproveitava pra fazer o que mais gostava, ler. Um romance morno, até o momento, sem muitos amores, uma história comum.
A tarde já estava caindo, e o sol mudava de lado, trazendo a sombra em retalhos, e o frio da tarde, e com seu ventinho leve começava a esfriar a pele. Comecei a me enroscar na rede, e busquei logo um travesseiro e um cobertorzinho de soft, tecido bem parecido com o calor da pele humana, uma coisinha gostosa pra se enroscar numa tarde daquelas.
À medida que a temperatura ia caindo e a claridade diminuía, aumentava o soninho gostoso que começava a sentir.
Logo, deixei o livro de lado e pouco a pouco me entreguei àquela sensação gostosa, de desligamento com o mundo real. Misturava na memória bem recente, informações que tinha acabado de ler, e outras memórias pessoais, de um romance vivido a algum tempo.
Dessa forma, logo estava mergulhada em um lindo sonho. Percebia o sopro quente, bem próximo à minha boca. Como deixar de perceber aquela respiração tão próxima?
Era o cheiro dele, aquele, já conhecido. Pouco a pouco sentia o calor de seus lábios tocando nos meus, roçando bem de leve, atiçando a vontade de entreabrir a boca, pra receber o beijo quente. A língua penetrava bem devagar, invadindo minha boca, passeando no meu céu sem estrelas, e eu, a receber aquilo tudo, deixava-me penetrar, deixava-me possui, pela língua invasora, e pouco a pouco, meu sangue começava a sentir o calor, e os arrepios já não eram mais de frio, mas, de sensações outras, que me cortava todo o corpo, como se seu corpo já cumprisse naquele instante a missão de me aquecer.
Ah!...aquele beijo, com gosto de mil beijos, com gosto de mil línguas, com a saliva doce a se misturar com a minha... É certo que dormia, mas a sensação era de estar acordada. Sentia cada toque, leve, como a alma que levitava...que delícia senti-lo outra vez...isso...assim...
Aos poucos, sua boca procurava outros cantos, meu pescoço, meus ombros, meu colo, meus seios, e foi descendo por todo meu corpo. Sentia cada toque da sua boca chegando próximo das minhas partes mais íntimas, como se eu estivesse nua, e ele afastava minhas coxas e tocava meu sexo com sua boca, e pouco a pouco, como havia feito em minha boca, brincava agora em meu sexo, me fazendo aquecer inteira, tornando rubra minha pele. Sentia penetrar na minha fenda molhada, a doce língua, beijando meus pequenos e grandes lábios com um desejo intenso.
Voltava à minha boca, agora, com meu cheiro íntimo misturado ao desejo que tomava conta dos nossos corpos.
O beijo já era quente e incendiava nossos corpos do desejo de quem só queria se entregar, indo além do beijo, além do abraço, além dos corpos colados, em busca do gozo final que começou no roçar dos lábios, de um beijo apaixonado dos meu sonhos.
Valentina Fraga
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