“Des Oiseaux” - os pássaros - era o apelido da minha escola em São Paulo. Na verdade chamava-se Colégio das Cônegas de Santo Agostinho e era mantido por uma congregação de religiosas de origem belga. No tempo em que minha mãe lá estudou só se falava francês. Na minha época já não era assim. Depois da segunda guerra tanto os colégios como clubes estrangeiros tiveram que mudar de nome. O clube Germânia, por exemplo, virou Pinheiros e o Palestra Itália, todos sabem, tornou-se o Palmeiras.
Grande parte das minhas colegas passava as férias no Guarujá ou então “viajava”, quer dizer, as meninas iam para a Europa. O lugar onde eu passava as minhas, e adorava, ninguém conhecia, nem chegavam a compreender bem a palavra Ubatuba. Que vem do tupi-guarani “ybá-tyba” e significa o porto das canoas. É uma cidade do litoral paulista que hoje recebe milhões turistas, principalmente no verão.
Mas algumas freiras conheciam bem o lugar, elas mantinham uma casa naquela cidade. Era a ALA – Assistência ao Litoral de Anchieta – onde desenvolviam trabalhos junto aos caiçaras. Cheguei a cruzar com algumas delas por lá e até ficava constrangida por encontrar-me de shorts, mas elas nem ligavam. Eram freiras “adiantadas”, como se dizia na época.
Dizem que o padre Anchieta escreveu poemas à Virgem Maria, na areia daquelas praias.