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Erotico-->RESISTÊNCIA DO AR -UM CASO DE AMOR E PAIXÃO (MAURO VELASCO) -- 05/09/2014 - 08:36 (valentina fraga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Queridos amigos da Usina,
Transcreverei uma série de contos de Mauro Velasco, contando um linda história de amor e paixão entre Rubem, o professor e Clarisse, sua aluna. Aproveitem como eu estou aproveitando. Valentina

RESISTÊNCIA DO AR - CAP 1.

Sequer amanhecera e Rubem já estava abrindo a porta do carro para sair.
Acordava muito cedo todos os dias, preparava o próprio café enquanto a mulher e a filha permaneciam dormindo. Depois de comer e terminar de se arrumar, Rubem pegava o elevador até a garagem do prédio e seguia caminho para o trabalho. Sua rotina era a mesma sempre.
A universidade em que lecionava não ficava muito longe, mas o congestionamento até lá obrigava-o a sair bem antes da hora. Sua primeira aula era às sete e meia da manhã e não podia se atrasar.
Dava aulas na área da literatura. Tinha três turmas: uma de Literatura Brasileira, outra de Teoria Literária e uma terceira de Crítica Literária.
Naquela manhã, porém, iniciaria uma oficina de contos dirigida a pessoas de fora da faculdade - a qualquer um que, inscrevendo-se com antecedência, demonstrasse interesse pelo tema. Estava ansioso para conhecer esse novo grupo de alunos.
Tivera a ideia da promover essa nova oficina para incentivar novos autores e descobrir talentos inéditos.
Parou o carro no amplo estacionamento da universidade, arrumou seus papéis e saiu. No momento em que estava fechando a porta, percebeu a chegada de um outro carro que estacionou ao lado do seu. De dentro dele, levantou-se uma mulher muito bem vestida e arrumada, pele clara, óculos, cabelos negros, alguém que realmente chamou sua atenção.
A mulher também teve a sua atenção voltada para ele. Cumprimentaram-se timidamente. E Rubem seguiu para a sala de aula.
Ao passar na secretaria, apanhou a lista de inscritos para a oficina. Sete pessoas. Seguiu pelo corredor até a sala reservada para o encontro. Alguns já estavam acomodados em suas cadeiras.
Rubem cumprimentou-os com um sorriso, deu as boas-vindas a todos, deixou seus papéis sobre a mesa e deu uma olhada mais atenta para a turma.
Na fila da frente, um homem calvo de meia idade, uma senhora já bastante idosa e um rapaz concentrado na leitura de um livro.
Na segunda fila, duas moças que conversavam animadamente. Na fila seguinte estava um jovem de cabelos longos presos em rabo de cavalo e uma outra senhora de meia idade.
Seis. Pelo jeito, faltava ainda um inscrito.
Começou perguntando os nomes dos presentes e o motivo pelo qual inscrevera-se para fazer aquela oficina.
O homem calvo chamava-se Humberto. Formado em Ciências Sociais, gostava muito de literatura e queria se aprofundar no conhecimento da área.
A idosa senhora era Dolores. Aposentada e viúva, queria preencher o tempo que sobrava na sua solidão.
O rapaz com o livro na mão, um romance de Philip Roth, disse que seu nome era Gustavo, mas que poderiam chamá-lo de Guto. Era arquiteto e, por gostar muito de ler, resolvera fazer aquele curso especial.
As duas amigas se chamavam Isabela e Luana. Cursavam Letras em outra universidade, souberam do curso e se interessaram pelo tema. Luana chegou a acrescentar que, para ela, o conto tinha um grande futuro pela frente, por tratar-se de uma narrativa curta, isto é, mais adequada a uma geração que vive correndo e sem muito tempo para ler.
A mulher de meia idade chamava-se Mirtes. Também queria aproveitar melhor o tempo estudando. Terminara há pouco um curso sobre História Natural e agora se interessara pela área literária.
Rubem novamente saudou a todos e, quando já se preparava para começar a sua primeira preleção, a porta se abriu e entrou o sétimo inscrito que faltava. Aliás, a sétima. A mulher que ele encontrara no estacionamento.
- Desculpe-me - disse ela, fechando a porta - mas errei a sala e acabei me atrasando.
Depois, ela olhou para Rubem e comentou:
- Acho que já nos conhecemos, não é?
Ele balançou a cabeça afirmativamente e perguntou o nome dela.
- Clarice.
- E por que você se inscreveu em nosso curso, Clarice? - indagou o professor, com simpatia e carinho - Todos já disseram seus motivos, só falta você.
Ela se sentou na cadeira, cruzou as pernas expondo o joelho para fora do vestido e um pedaço das pernas, e respondeu:
- Escrevo contos. E quero mostrar meu trabalho a pessoas que gostam de ler. Imaginei que esse fosse o lugar ideal.
Rubem fixou nela o seu olhar:
- Você escreve? Que bom. Vamos poder trocar muitas ideias e experiências, então.
Depois de um tempo contemplando o rosto de Clarice com mais cuidado, emendou:
- Já lançou algum livro?
- Não - respondeu ela - Eu escrevo num site de publicações autônomas. O "Mar de Histórias". Conhece?
- Sim, já li muita coisa publicada lá. Parabéns.
E se voltando para a turma toda, concluiu:
- Temos aqui, então, uma escritora entre nós. Seja bem-vinda, Clarice.
Clarice sentiu que essas boas-vindas tinham alguma coisa especial. Não soube dizer exatamente o que era. Mas a figura daquele professor, o seu jeito jovial e simpático, a sua voz firme, os seus olhos atentos e o rosto atraente fizeram bem a ela.
Notou a aliança no dedo dele. Casado.
Ela também trazia uma aliança em seu dedo. E chegou a gostar da sensação de estar se sentindo atraída por alguém, de um clima diferente, de uma batida nova em seu coração, como já perdera ao longo dos dezoito anos de casamento.
O professor continuou:
- Bem, meu nome é Rubem. E vamos juntos estudar sobre os contos. Espero que gostem.
Clarice sentia que ia gostar.
Aliás, ela sentia que ia gostar muito.

Mauro Velasco
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