O que é isso companheiro?
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
O PT precisa tomar um choque histórico, necessita empunhar algumas bandeiras desfraldadas em um passado nada distante. Os petistas têm uma necessidade premente de discussão. São cativados pelo debate de idéias, pela consciência política e até por anseios utópicos mal-resolvidos.
Quando vemos parlamentares da base governista em contínuo e contumaz confronto com as propostas do governo, afirmamos, apenas, que são os radicais do PT. Esses parlamentares estão na iminência de serem expulsos. E nós julgamos conveniente esse expurgo, pois eles atrapalham as reformas a serem implementadas. E radicais nós empurramos para extrema-esquerda ou para extrema-direita. Pois, se não concordam e fazem às vezes da oposição, o melhor é trilharem o seu próprio caminho em outra sigla. Mas não é tão fácil assim. Os fundamentos são ideológicos. Estratégicos. E no entendimento desses parlamentares, é o PT o condutor da transformação social do Brasil.
Entretanto, quando um deputado do porte de Fernando Gabeira, enumera especificamente algumas políticas referentes ao ambiente, tais como: transgênicos, energia nuclear, importação de pneus usados e bomba atômica. E complementa afirmando que não concorda com o encaminhamento do governo, que não foi essa proposta política da campanha e conclui avisando que está deixando o PT. Podemos, então, crer que a coisa ficou séria.
Fernando Gabeira é respeitado porque possui um aparato de argumentos e estudos acerca do meio-ambiente. Gabeira não está impelido por cargos ou no velho toma-la-da-cá. Não está engessado com a eleição do ano que vem. Não está vinculado a dogmatismos da esquerda tradicional e não faz política com ressentimentos. Por isso explicamos o deus-nos-acuda com a certeza de sua saída do partido.
Esse anúncio de Gabeira deveria colocar o partido em reflexão. Há limites para o exercício do poder. Algumas bandeiras políticas devem ser retomadas, pois o PT corre o sério risco de fazer um governo de centro-direita. Senão, a cada mês ou entrada de estação, o governo terá que criar uma frase de efeito imediato que aliviará as tensões dos agentes sociais.
O “Espetáculo do crescimento” e a “Primavera social” são exemplos de uma esperança renovada a cada dia. Não queremos um “Janeiro no vermelho” e espero, sinceramente, que no final desse mandato não tenhamos que aceitar, simplesmente, que tudo não passou de um “Sonho de uma noite de verão”.
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