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Erotico-->RESISTÊNCIA DO AR - CONTO ERÓTICO - CAP 2 (MAURO VELASCO) -- 15/09/2014 - 15:51 (valentina fraga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma delícia de conto! Vale a pena acompanhar cada capítulo. Valentina


RESISTÊNCIA DO AR - CONTO ERÓTICO CAP 2

Quando chegou em casa, viu o marido arrumado para sair:
- Que é isso? Estou chegando e você saindo? - perguntou Clarice, colocando a bolsa sobre a pequena poltrona junto à porta.
Conrado era um homem de meia estatura, cabelos ralos, rosto com traços largos e um certo ar interrogativo nos olhos, como se estivesse sempre em busca de um objeto perdido.
- Vou socorrer o Prestes. Foi assaltado e levaram o carro dele. O coitado está em plena Avenida Brasil, zanzando de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Conseguiu um telefone celular emprestado para me ligar.
Prestes era o sócio da firma que, juntamente com Conrado, foi fundada cinco anos antes. Não tinham do que se queixar. Os negócios estavam caminhando muito bem. A melhor coisa que tinham feito foi optar pela área da informática, montando essa central de venda, importação, consertos e distribuição de computadores e programas para os diversos tipos de setores.
É claro que, com o crescimento dos negócios e a abertura de novas filiais em São Paulo e Minas Gerais, os dois ficaram muito mais ocupados, precisando viajar constantemente. Conrado mesmo passava cerca de quinze dias do mês em viagens para fechar novos contratos e conseguir novas representações.
Clarice tomou um copo d``agua enquanto ouvia o marido falar do assalto sofrido pelo Prestes, e perguntou ao fim de um longo gole:
- Ele está machucado? Foi ameaçado? Está assustado?
- Agora está tudo bem - respondeu Conrado - Mas vou levá-lo à delegacia para fazer a ocorrência e todos aqueles trâmites normais neste caso.
- Então, vá logo - sugeriu Clarice - A Avenida Brasil não é um lugar muito agradável para se esperar socorro.
Conrado beijou-a e se foi.
Clarice estava querendo tomar um banho. Já passava das dez e meia da noite. Sentia-se cansada. Depois de longas horas no banco, atendendo a clientes, abrindo novas contas, dando consultoria e atraindo novos investimentos, agora queria descansar um pouco.
Lembrou-se da primeira aula da oficina de contos logo nas primeiras horas da manhã. Gostou muito. Como ela só entrava no banco às dez horas, podia dedicar-se à aula entre sete e meia e nove. O professor era mesmo entendido no assunto. Conseguiu manter o interesse de todos e envolver a classe no tema com grande competência.
Mas ao pensar nele sentia-se inquieta. Algo mexia com ela. Parecia atraída por aquele homem, sem entender exatamente porquê. Ficou se lembrando do seu jeito de falar, da sua voz, dos seus gestos, da maneira como cativava a classe, dos sorrisos, dos olhares.
Notou, especialmente, um olhar em direção a ela que pareceu bastante observador, como se ele a estivesse examinando, ou imaginando-a nua. Sabia reconhecer o olhar de um homem quando despia uma mulher com a mente.
E Clarice sentiu-se bem com esse pensamento. A relação com Conrado, após dezoito anos, tornara-se fria e mecânica. Era um bom companheiro, gostava do jeito como ele administrava a casa e tomava conta de tudo, apreciava sua dedicação ao trabalho, achava-o por vezes divertido. Mas era só isso. Acabara-se a paixão. Acabara-se o fogo. E ela, mulher que gostava de se apaixonar, de viver um grande romance, sentia-se inquieta com aquela situação.
Talvez por isso a imagem do professor Rubem a deixara agitada. Aquele homem conseguira despertar alguma coisa adormecida dentro dela. Um calor suave que há muito tempo não sentia começava a queimar em seu interior.
Foi para o quarto e, ao passar pela sala, viu o filho assistindo televisão.
- Oi, garotão.
Marquinhos tinha treze anos. Virou-se para a mãe e acenou. Logo depois, voltou a olhar para a televisão.
- Jantou?
- Meu pai pediu pizza - respondeu o rapaz.
- Seu pai pediu pizza, não é? Em vez de algo mais nutritivo, menos gorduroso, tipo uma saladinha básica, uns legumes cozidos, com o salmão que deixei pronto hoje de manhã...
- Foi pizza portuguesa: presunto, ovos, pimentão, cebola, queijo... Coisa poderosa.
- Sei, sei... - retrucou Clarice, enquanto seguia para o quarto.
Fechou a porta, tirou a roupa, apanhou uma toalha limpa no armário e olhou-se no espelho. Seu corpo continuava atraente, os seios, a cintura, as coxas, as nádegas, nada que não estivesse dentro dos padrões para a sua idade.
Tomou banho, colocou a camisola e ligou o computador. Entrou no Google e digitou: Rubem Mesquita. Apareceram vários nomes. Voltou ao cabeçalho e especificou: Rubem Mesquita, oficina de contos. Agora sim apareceram referências plausíveis. Clicou sobre o título: Professor Rubem Mesquita oferece Oficina de Contos. Logo abriu uma foto do professor com um currículo da sua formação e das suas principais atividades. 45 anos. Autor de diversas teses. Crítico literário da revista "Estante". Clarice conhecia a revista, um dos melhores guias de livros e publicações na área acadêmica e cultural.
Ficou olhando a foto durante alguns minutos. Depois, entrou no site "Mar de Histórias". Resolveu escrever um pequeno poema para publicar. Há muito tempo não enviava poemas. Agora sentiu o desejo de fazê-lo. Os versos brotaram com facilidade. Escreveu-os num bloco de papel ao lado do monitor. Consertou algumas frases, trocou certas palavras e releu tudo. Digitou rapidamente e, antes de enviar o texto, pensou no título. Rascunhou dois ou três títulos e acabou optando por um deles. Escreveu: "Renascer da Chama". E enviou.
Num outro bairro não muito distante, Rubem também estava em casa. Após a oficina de contos, foi para as aulas normais da universidade. Passou o dia dando aulas no resto da manhã, à tarde e à noite. Teve que aguentar ainda uma reunião do Conselho Acadêmico no meio da tarde. Agora chegara cansado. Mas ainda precisava terminar de corrigir uns trabalhos de graduação.
A mulher, Eneida, tinha saído para buscar a filha na academia. Débora gostava de se exercitar todas as noites. A mãe a apanhava de carro para não voltar sozinha.
Rubem ligou o computador. Teclou o endereço que desejava: "Mar de Histórias". Já passeara por esse site, mas não tinha visto nada escrito por sua aluna. Foi até o índice dos autores. Digitou: Clarice Bueno. Apareceu uma grande lista de contos e uma menor de poemas. Viu, pela datas, que naquele mesmo dia fora publicado um poema novo.
Rubem começou a ler o poema. Os versos falavam de uma chama renascida no coração, apontando horizontes que tinham sido esquecidos, como se uma nova história de amor começasse a ser escrita.
Rubem gostou especialmente do último verso: "Venha, manhã iluminada, e rompe a monotonia da madrugada sem estrelas, com o calor que escorre do teu azul recém-chegado".
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