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Erotico-->RESISTÊNCIA DO AR - UM CASO DE AMOR - CAP 3 MAURO VELASCO -- 27/09/2014 - 09:56 (valentina fraga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A caminho do banco, no dia seguinte, Clarice ainda estava recordando algumas falas de Rubem na oficina do conto. Já estava ansiosa para estar na próxima aula. O curso ocupava duas manhãs na semana, terças e quintas. A primeira aula tinha sido na terça e, agora, teria de esperar ao menos mais um dia.
Pensava nessas coisas quando o celular tocou. Era Nina, sua amiga:
- Vamos almoçar juntas hoje? - perguntou a voz do outro lado.
- Oi, querida. Estou precisando mesmo falar com você. Te encontro no Delírio Tropical, meio dia e meia.
- Combinadíssimo.
O centro da cidade naquela manhã chuvosa e cinzenta estava bem movimentado, com homens de terno e mulheres de roupas escuras sob a proteção de sombrinhas abertas ao longo da calçada. Clarice deixara a carro no Edifício Garagem e atravessava a Avenida Rio Branco.
O telefone tocou de novo:
- Diga, Marquinhos.
- Mãe, vou trazer uns amigos para jogar vídeo game hoje à tarde aqui em casa. Tudo bem?
Estavam de férias e queriam aproveitar. Concordou e, inutilmente, pediu para não desarrumarem demais a sala.
Passou a manhã envolvida com todas as atividades de um dia normal na agência, sem novidades nem perturbações inesperadas. Porém, não menos agitado.
Ao meio dia e meia encontrou-se com Nina na entrada do restaurante.
Conhecera Nina no banco, quando ela veio pedir ajuda para melhor investir o dinheiro que passara a receber com frequência a partir dos shows que fazia. Nina tinha sido lançada como cantora de jazz cinco anos antes, também atuava como atriz em peças teatrais e dubladora de filmes. A sua carreira como atriz e cantora começou a decolar há coisa de dois anos e meio. Vários contratos fechados possibilitaram uma cômoda situação financeira, depois de muito tempo tentando se promover junto à mídia e ao público. Agora já era uma artista respeitada, embora não tão popular, pois o estilo musical que escolhera não agradava as camadas mais populares. Mas, para ela, o importante era estar em harmonia com seu estilo musical.
As peças de teatro também lhe deram uma boa projeção. Ajudou muito na sua divulgação como cantora. E se tornou mais conhecida por causa delas.
Não tão conhecida que fosse incomodada na rua ou na mesa do restaurante. Afinal, seu estilo não era tão popular. Por isso, as duas puderam achar com tranquilidade um lugar para se sentarem e conversarem sem maiores preocupações.
Nina tinha uma proposta para fazer a Clarice. Estava preparando uma nova peça musical e queria que a amiga se incumbisse de escrever as partes poéticas.
- Nem me venha com falsa modéstia - argumentava Nina - Você sabe que consegue fazer um bom trabalho. Vou te passar por e-mail a sinopse da peça e você vai pensando nos textos.
Clarice insistiu:
- Não tenho nenhuma experiência com o teatro...
- Mas tem com a poesia, com o coração, com os sentimentos, com os dramas humanos, com a lírica da vida. Tenho certeza que você fará um bom trabalho.
A amiga era assim. Não deixava muito espaço para negativas e contestações quando estava certa do que queria.
Serviram-se e voltaram para a mesa. Clarice percebeu que a amiga ficou observando um rapaz sentado numa mesa ao canto do restaurante.
- Puxa, que pedaço de mau caminho...
Clarice riu:
- Você continua uma franca atiradora, não é?
Nina respondeu:
- Olha só, adoro estar apaixonada, adoro viver um romance e adoro sexo. Quer uma combinação melhor, amiga? Por isso, não fico presa em marido e filhos, como você.
- Casamento tem suas vantagens, família é uma coisa de laços indispensáveis, ser mãe é uma experiência inigualável... - replicou Clarice.
- Mas você não pode negar que o coração esfria e começamos a sentir desejos outros, não confessados e repletos de paixão e vontades, algo mais cativante e realizador do que dormir e acordar na rotina familiar.
Clarice ficou pensativa e em silêncio.
Nina olhou fixamente para ela e perguntou:
- Vai me dizer que já não se flagrou desejando viver uma paixão arrebatadora, dessas que a gente estremece no fundo da alma... Já não teve uns pensamentos atrevidos?
Clarice continuou pensativa.
Nina a observava.
- Estou com a imagem de um homem na cabeça desde ontem - disse Clarice.
- Que coisa boa... você está viva... Há vida por trás dessa profissional, esposa, mãe e dona de casa... Há uma mulher pulsando por trás de tudo isso...
Clarice riu. E perguntou:
- Você está com algum namorado atualmente?
Nina respondeu que estava saindo com um colega da Herbert Richard`s, onde dublava filmes estrangeiros.
- Dublamos uma cena em que a mulher transa com o vizinho dentro de um carro. Tínhamos que fazer todos os gemidos e todas as falas dos personagens do filme. Fizemos várias vezes a dublagem, até ficar perfeito. Quando terminamos, virei pra ele e disse: "Depois de tanto fingir, estou com vontade de gozar de verdade..." Ele não perdeu tempo, logo me enroscou nos braços, me apertou contra seu corpo e me beijou com vontade. De lá fomos para o meu apartamento e começamos a sair. Tem sido gostoso.
Continuaram comendo e conversando, durante um tempo, sobre outros temas. Nina voltou ao assunto:
- De onde é o cara?
- Quem?
- Esse que está flutuando em sua cabeça desde ontem.
Clarice baixou os olhos, como envergonhada:
- Não posso ficar pensando nisso, Nina.
- Claro que pode. O pensamento já está aí, como imagem de filme na cabeça. Você já está com ele na mente, não é? Por que negar? Sou sua amiga ou não sou?
Nina era amiga e confidente, com certeza. Sabia de todas as frustrações de Clarice, das suas expectativas, dos seus sonhos, dos seus sentimentos. Não podia ter alguém melhor para compartilhar sua alma.
Clarice continuou calada.
- Olha só, Clarice, faça uma fantasia com ele. Imagine uma cena. Veja como se sente. Se o desejo começar a queimar e se a fantasia te despertar por dentro, minha querida, pode crer que há uma atração forte começando.
Quando voltou para o banco, Clarice continuou pensando nas palavras da amiga. Naquela noite, antes de dormir, faria a experiência.

Mauro Velasco
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