Se existia algum lugar melhor do que aquele, ainda não sabia dizer.
Ali se escutava o canto dos pássaros, alternando com o silêncio profundo.
Estava dentro da cidade e ao mesmo tempo fora dela. Ali, definitivamente era uma parcela do paraíso.
O que eu mais gostava de fazer, era andar nua pela casa. Isso! Andar nua na mais líquida expressão de simplicidade.
A comida vinha de alguns beliscos providenciados de véspera, ou de algum lugar da cidade, que já conhecia.
No mais, era curtir, se tivesse sol, ou se o dia fosse de chuva torrencial.
Nesse dia em especial, o céu estava tingido de azul celeste. Não havia sequer uma nuvem, fato raro.
Acabei o banho da manhã, e saí de cabelos molhados, e nua estava, e nua continuei.
O sol da manhã já aquecia tudo.
Armei a rede na varanda, peguei o livro que já estava pela metade e mergulhei nele.
Certa altura, o sol entrou pela varanda e mergulhou no meu corpo, tocando com calor os meus seios brancos, iluminando a pele, aquecendo, numa sensação saborosa, um calor forte e ao mesmo tempo delicado.
Me perdia em sensações e num prazer difícil de explicar.
E eu ali, com o lento balanço da rede, um livro nas mãos,
e o sol a bater nos meus seios.
Tudo isso me dava a sensação de aconchego, e um prazer enorme.
Coisas simples que enchem minha vida de alegria.
Aquilo tudo, era com certeza, uma boa parcela no paraíso.
VALENTINA FRAGA |