Sr. Anônimo, eu já faço isso, desde sempre, e meu amado também deve fazer, ou deveria, pois não lhe faltam pensamentos, histórias ou momentos prá sonhar. Na verdade, imagine se pudéssemos nos encontrar nos sonhos, seria mesmo uma delícia, viver o amor sem sair da realidade que nos cerca. Uma deliciosa vida, vivida paralelamente, sem incomodar ninguém, só as horas da noite, para vigiar nosso amor, e a exuberância do sexo que fazemos. Isso seria fantástico. Sim, eu voaria com ele, pra qualquer lugar, e deitaríamos, e faríamos do sonho, nossa melhor realidade, apenas em pensamento, pois, nos primeiros raios de sol, acordaríamos com nosso corpo, doído de desejo ainda por satisfazer, na esperança insana de tornar o sonho em realidade. Valentina
Deixe seus olhos fechados, Valentina,
na escuridão do quarto
e venha comigo.
Deixe sua cama, deixe seus lençóis,
deixe seu quarto,
deixe a sua realidade um pouco
e vamos até um outro lugar.
Em silêncio, Valentina,
para não acordar os que dormem.
Todos dormem, só você e eu
nos movemos no meio da noite.
Venha para algum canto da casa.
Deite-se comigo o piso,
sobre alguma grama fresca,
e deixe-me dentro de você um breve tempo
até que o sol nos surpreenda
e você desperte
e veja que a velha realidade voltou com o novo dia,
quando já não estarei lá,
quando lá já não serei eu,
e será o mesmo teto,
a mesma cama,
o mesmo desejo ainda não satisfeito,
a mesma falta absurda do prazer irrealizado.
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