Retalhos dos Tempos da Guerra Suja
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja
Documento escrito por um analista do DOI/I Ex, que somente em outubro de 2016 tomei conhecimento, por acaso:
Os anos que trabalhei lá na nossa família não me fizeram um radical, mas ouvindo uma vez alguém lá do seu setor falando sobre o Cid Queiroz Benjamim, e depois também ouvindo a música da Nara Leão (“Podem me bater, Podem me matar, mas eu não mudo de opinião...”) não penso no burro como falta de conhecimento. Aliás, passei uns doze anos substituindo o JCarlos, que substituiu o “Senhor vai bem?”, e porque já era formado em Português e Literatura e ser formado também em escola fora do Brasil sobre o assunto, acabei passando à condição de analista.
E aquelas mesas cheias de tudo, e aquele cofre com livros supimpas, de pouco acesso a muitos, e por ter freqüentado por uns quinze anos as reuniões da SBPC, vi como eles estudam muito e já eram os intelectuais, doutos realmente, e posso falar que conversava com gente competente, entre os quais o Inácio de Loyola Brandão, o Fernando Henrique Cardoso, a Marilena Chauí, o Luiz Pinguelli Rosa, uma categoria de gente que não entrou para o PT, que pertencia a uma intelectualidade que não se confundia com a militância, e que deu o PSDB, e os dirigentes da COPE-RJ, e eu assistia a reuniões do Dr. José Goldenberg e à do Dr. Piva, dos foguetes, que eram profissionais do mais alto nível. Essa gente via a intromissão das facções de esquerda ou dos gays com indiferença; eram políticos, mas para as políticas relacionadas com projetos da ciência, e eu era analista do nosso Serviço.
Eu não tenho preconceito contra os comunistas, acho que alguns são crédulos numa verdade, assim como o próprio Karl Marx também deve ter sido, mas a persistência no argumento errado, a teimosia, é um nó górdio. As militâncias que fundaram o PT vieram em parte das ciências, a opção por um PT de massas foi discutida, pois se eles fossem marxistas os intelectuais não seriam militantes. Foi difícil aceitar a idéia de um PT massivo; foi com ajuda do comunismo infiltrado na Igreja, com a adoção do termo trabalhador, sem limitá-lo ao operário, que era coisa do Prestismo do PCB, e de que se aproveitaram os dissidentes táticos do Partidão, na ALN, na OCML-PO, no MR-8, na APML do B, que nada têm, ou quase nada, de proletários.
O PT não é um partido operário, só ficticiamente de trabalhadores, mas a ideologia é marxista com influências de Antônio Gramsci, que foi trazido para a política das esquerdas pela SBPC a partir de 1980. O Nosso analista de PC do B, não via e nem sabia nada sobre Gramsci, foi o Dr. Gallo quem fez uma síntese supimpa para o nosso antigo relatório, explicando as bases gramscianas. Talvez tivesse deixado de falar sobre o que implicou as mudanças específicas para o caso do Brasil, que é a ideologia do bloco dos intelectuais, mas o resto ele falou tudo que era necessário, sem entrar no modo de construção teórica da compreensão dialética, mas falou e explicou bem a questão da sociedade política, sociedade civil e guerra de posições. É ele jurisconsulto nesses assuntos, para satisfação nossa que o conhecemos e trabalhamos com ele.
UMA CURIORIDADE:
O dr Gallo, acima citado, é o atual Carlos Ilich Santos Azambuja.
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