Lá estava,
a nuca se mostrando,
no espaço exíguo,
entre o pé do cabelo,
e o colarinho cinza.
Mesmo debaixo do esconderijo
podia se ver o corado da pele,
com o sangue pulsando,
e ali, exposta,
pronta pra ser sugada
pronta pra ser lambida
pronta pra ser beijada.
Tão próxima,
e tão distante...
afinal, que loucura seria?
que surpresa se daria?
receber um bote, assim, por trás,
atingindo em cheio,
um golpe felino, de quem deseja dominar.
E entre tantos presentes,
internamente, o desejo ardia as entranhas.
Borbulhava nas veias, o sangue,
que até então, corria passivo.
Sofria por dentro a aflição do desejo do gozo,
do roçar de pele,
do entrelaçar de pernas,
dos braços e mãos confusas, sem saber onde pegar,
do beijo molhado,
da saliva quente.
E ali, imóvel,
olhar estático,
observava passiva
a bela nuca.
Valentina Fraga
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