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Artigos-->Isso é Brasil? -- 13/11/2003 - 23:10 (Philipe Eduardo Schefer Berman) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não posso ficar calado frente a um ato tão cruel como o assassinato do jovem casal Liana e Felipe. O que hão de fazer agora as autoridades e a sociedade civil? Os primeiros, com certeza, farão discursos iguais aos anteriores, dizendo que estão trabalhando para resolver a situação e que em breve, com as ações a serem tomadas, tudo será diferente. Já a população ouvirá - sentada em seus sofás e assistindo televisão - tudo o que ministros, juízes, políticos e pessoas com poder têm a falar. Depois que todos os debates a respeito das medidas a serem tomadas forem expostos, todos se acomodam. Ou seja, depois que a poeira baixa, tudo volta ao normal e o episódio é esquecido pela sociedade em geral.

Sempre foi assim e continua sendo. Quando o jornalista Tim Lopes foi morto em um morro do Rio de Janeiro, todos se revoltaram e cobraram ações das autoridades responsáveis, que, rapidamente, atenderam o pedido do povo e da mídia invadindo morros e prendendo suspeitos, como o traficante Fernando Beira-Mar. Desde a prisão de Beira-Mar, a população sossegou novamente.

Esse é apenas um exemplo da falta de ação que existe na sociedade brasileira. Poderia citar outros casos como, por exemplo, o do ‘maníaco do parque’. Na época em que tal episódio veio ao conhecimento das pessoas, todo mundo se revoltava e pedia por paz. Mas agora, anos depois, alguém - além das famílias das vítimas - luta por um país mais justo e pacífico? Você, leitor, pode responder que sim, mas antes, procure refletir sobre seus atos.

Devemos nos mexer para começar a lutar pela paz e pela justiça. A violência é fruto da grande diferença social existente entre os brasileiros e é a partir daí que devemos começar nossa batalha, pois a paz só é possível quando há justiça social, e não o contrário. Não entendo como as pessoas, ao andar pelas ruas e ver crianças pedindo dinheiro, ou trabalhando nos semáforos para ajudar com a renda da família ou até para comprar drogas, agem naturalmente. Hoje em dia as pessoas passam por menores abandonados no trânsito e nos centros das grandes cidades e encaram tal situação como um fato normal, como se fosse uma regra da vida em sociedade. Quem está dentro do carro está confortável, tem um emprego, uma casa, tem o que comer. Sendo assim, essa pessoa está acomodada até que algo de ruim aconteça ou com ela própria ou com alguém próximo. E aí está o erro! Não podemos esperar até o momento em que sejamos vítima da injustiça social para acordar e lutar por um país melhor. Temos que aproveitar esse sentimento de revolta que nos domina e começar a lutar, de maneira constante e incessante, por uma sociedade mais igualitária, onde as pessoas possam conviver umas com as outras aceitando as diferenças existentes entre si.

Fiquei surpreso ao saber que um dos assassinos do Felipe e da Liana, tendo menos de dezoito anos, será libertado – isso se for condenado – em três anos. O Brasil é um país com leis contraditórias e que são do interesse dos poderosos. Para eles – os detentores do poder e donos da verdade-, um adolescente assassino não pode ser preso, nem pode ser condenado a cumprir a pena que um maior de idade cumpriria caso tivesse cometido o mesmo crime. Não pode, também, responder por qualquer outro ato criminoso ou irresponsável que venha a cometer, passando a responsabilidade aos pais, que, na maioria dos casos, nada tem a ver com o fato. E, mesmo não podendo responder por seus atos, esse jovem ‘imaturo’ e ‘incapaz de ter consciência do que faz’, pode votar! O adolescente não sabe o que faz, mas sabe em quem vota!

Não suporto qualquer tipo de violência, seja ela ‘justificável’ou não. Sendo assim, não penso que a pena de morte seja algo válido, pois válido não é acabar com a vida de alguém – seja essa pessoa quem for -, mas sim transformá-la. Não defendo de maneira alguma os assassinos de Felipe e Liana, mas sei que se tornaram os monstros que são porque a sociedade induz todos aqueles que não tem uma oportunidade a cometerem crimes.

Mas o que fazer para mudar tal situação? Antes de qualquer coisa é necessário mudarmos nossa maneira de agir e de encarar os outros. Precisamos mudar nosso modo de vida e alterar nossos hábitos. Ver menos e ler mais. Guardar menos e proporcionar mais. Falar menos e fazer mais.



Philipe Eduardo Schefer Berman

pilipe@terra.com.br

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