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Artigos-->019 - Camelô Off-Line -- 14/11/2003 - 06:38 (Carlos Alcino Valadão Lopes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Olha o Camelô ! Tudo baratinho ! Vem que tem - é mais barato que vintém! Olha o camelô! É tudo real – nada virtual! E o camelô Off-Line.

Sinceramente ? Estranhei e muito esta chamada. Afinal de contas, estávamos no centro da Praça principal de uma megalópole, em plena luz do dia. E o cidadão ali, se esgoelando, fazendo a maior propaganda de seus produtos, “genéricos”, como se gosta de falar por aqui. E a Polícia nada. Nem “viv’alma”, nem “mort’alma”, “nadica de nada”, que pudesse parecer com um PM (Primeiros Maldignos).

- Olha o Camelô que vende de tudo. Só não vendo drogas porque não acho legal, e além do mais a concorrência é mortal

Bem que eu tentei fazer ouvido de “moco”, fingir que não estava escutando nada, mas o chamamento feria meus tímpanos e a curiosidade teimava em levar-me para mais perto do ambulante. Acabei não resistindo e cheguei o mais próximo possível e ele, vendo meu temerário interesse, foi logo confortando-me:

- Pode verificar a mercadoria freguês. É tudo de primeira. importado direto do Paraguai.

Ele nem se dava conta que para, os mais esclarecidos, esta afirmativa era uma garantia de nada para proteger coisa nenhuma. Ruidosamente fui despertado dos meus pensamentos por um novo e ensurdecedor slogan.

- Olha o Camelô-Beleza! Vendo tudo que se quer.

Só não vendo minha sogra, porque é droga,

E nem a minha mulher

Meio sem jeito, tomei coragem e perguntei:

- O senhor não tem receio de ser preso por estar vendendo mercadoria falsifi..., er, quer dizer, contrabando, assim dessa forma, escancarada ?

- Na verdade não – afirmou o “mercadante”, com certeza;

- Não ?!?!?! – estranhei eu, sem nenhuma;

O ambulante olhou para mim, mais do que ressabiado, me “tirou” de cima abaixo e perguntou ameaçador:

- O senhor não é “tira” disfarçado não, né ?

- Claro que não - retruquei com a melhor sinceridade possível, começando a temer pela minha segurança e notando que a curiosidade tinha me levado longe demais, talvez até para um atalho perigoso. Ah! Arrependimento... Por que não segui meu caminho ao invés de deixar que a veia ou a “véia" bisbilhotice de cronista falasse, ou melhor, “escutasse” mais alto. A essa hora eu deveria estar marcando presença no point cultural do Sol Nascente, na Banca de Jornais da Dôra e do Henrique, discutindo política local, nacional, internacional, futebol ...; buscando inspiração para a próxima crônica, alguma novidade, ouvindo histórias e não aqui, correndo o risco de virar notícia e, de página policial. Já me preparava para uma saída estratégica – sair correndo – quando o caixeiro-urbano bradou:

- Ah! Bom ! por que eu não ia pagar de novo não !!!

- Pagar de novo ? – olha eu, outra vez, com a curiosidade crônica!

- É! Eu já paguei “pros” outros “poliça” pra “liberar geral” e “num” vou pagar de novo não;

- Não se trata disso não, pode ficar tranqüilo – retruquei aliviado;

- Então tratasse de que, o “mermão” ?

- É que eu sou cronista ...

- Esportivo ???

- Não, literário. E achei interessante o seu - como direi ? - estilo de venda e quis conhecê-lo melhor ..

- O “sangue-bom”, isso não é uma cantada não “né” ??? – vociferou meu entrevistado;

- Claro que não, o “meu” – retruquei alto com voz de “baixo” – o interesse é meramente literário;

- Ah! Bom ! Então escreve aí, que eu não vou ficar nesse “trampo” pra sempre não. Isso é apenas provisório. Na verdade eu tô me preparando pra fundar o SinCa - Sindicato de Camelô e ficar rico;

- Rico? De que jeito ?

- Vou fazer que nem os “colega” daquele sindicato de “Sum-Paulo”. Vou vender greve, só que de camelô. Já pensou quanto é que os comerciantes não vão me pagar pra eu tirar a concorrência da rua ?

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