Atrás do pé de café
Alguns americanos vieram morar na cidade vizinha e de vez em quando mamãe os recebia em nossa casa. Ela ajudava as mulheres a fazer compras, contava-lhes sobre nossos costumes, enfim, aproveitava a ocasião para praticar seu inglês. Antes que eles chegassem, papai sempre dava um jeitinho de se evaporar.
Um dia, porém, ele já estava saindo quando os gringos apareceram no portão. Zé Geraldo fez meia-volta e foi se esconder no fundo do quintal.
Desta vez os americanos queriam ver as árvores de perto e ao saber que ali havia muitas frutíferas, ficaram alvoroçados.
Dona Laura, que nem desconfiava do esconderijo do marido, prontificou-se imediatamente a mostrar-lhes tudo, inclusive uns pés de café.
O animado grupo começou, então, o tour pelo quintal. Passaram pela mangueira, fizeram perguntas diante do abacateiro, colheram frutas da goiabeira. Examinaram minuciosamente as folhas da bananeira. Mas não viam a hora de enxergar ao vivo os tais pés de café.
Ao aproximarem-se deles, foi uma surpresa geral. Não só pelos arbustos, mas principalmente porque meu pai encontrava-se por ali. De terno e gravata, ele “cuidava” das plantas...
A criançada, que seguia curiosa atrás da comitiva, desembestou a caçoar. Felizmente os americanos não entenderam nada.
Mas nós quase levamos umas boas palmadas depois que eles se foram.
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