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Artigos-->026 – Comemorar o que? -- 14/11/2003 - 06:42 (Carlos Alcino Valadão Lopes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Minha filha, acorda, tá na tua hora de ir trabalhar!

- Ah! Mãe, to tão cansada. Deixa eu dormir mais um bocadinho.

- Não dá minha filha. Se não você perde o ônibus e vai ter que ir a pé pra cidade.

- Tá certo mãe. Afinal alguém tem que por dinheiro nesta casa.

- Ah, minha filha, não fala assim não, que me dá uma gastura.

- Minha mãe, eu não quero ver a senhora triste, mas só eu trabalho por aqui.

- Você sabe que eu não posso mais trabalhar por causa da queda que eu levei...

- Da surra que a senhora levou, daquilo que a senhora dizia que era meu irmão!

- Ele tava doente...

- Drogado!

- Filhinha, não se fala mal dos mortos...

- Eu não estou falando mal minha mãe, estou dizendo somente a verdade. E quer saber? Acho ótimo que a polícia tenha matado ele, assim a gente sofre menos.

- Quando você fala assim, eu tenho até vontade de me matar, também.

- Chega mãe! Basta só uma suicida nesta família, se é que podemos nos chamar assim.

- Ela não se suicidou, apenas errou ao tomar o remédio...

- Mãe! Confundir analgésico com veneno pra rato !?

- Ela estava nervosa, com problemas...

- E grávida do seu marido.

- Do seu pai!

- Ele deixou de ser meu pai, desde o dia que me estuprou. E só não me engravidou daquela vez, por pura sorte.

- Mas foi só daquela vez.

- E precisa mais de uma vez, para nos roubar a infância e impor a realidade da vida adulta?

- Não foi de propósito, ele tava... Ele tava...

- Bêbado! Aliás, como sempre.

- Ele nunca mais te importunou...

- Pois não é que é mesmo. Será que foi por causa da facada que eu dei nele quando ele tentou?

- Minha filha, às vezes você é muito cruel

- Cruel é a vida que a gente leva. Cruel é não saber por que a gente é tão castigada enquanto os “riquinhos” fazem coisas piores e nem são presos. Cruel é quase ter certeza que vai acontecer o mesmo com a minha irmã menor...

- Cala essa boca suja, sua... Sua...

- Prostituta! Pode falar, mãe. É isso mesmo que eu sou. Não por que eu quis, mas por que “quiseram” por mim. E quer saber? Eu acho que foi até bom, pois dessa forma eu posso sustentar vocês todos.

- Minha filha, me desculpe. Eu não quis dizer...

- Quis sim mãe, mas eu não me importo, até já me acostumei. E deixa eu ir trabalhar senão chego atrasada e só pego aqueles “velhos babão”, que demoram tanto, isto quando conseguem, que acabam me dando prejuízo.

- Pêra aí, minha filha. Toma. Isso aqui é pra você.

- Que é isso mãe? Uma boneca? A senhora tá maluca? Nós não podemos gastar com luxos não! Trate de devolver!

- Mas minha filha é pra comemorar o dia de hoje.

- Que que tem o dia de hoje?

- É seu aniversário. Hoje você está fazendo treze anos!

- E isso lá é motivo para eu comemorar?

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