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Contos-->A ESTRANGEIRA -- 26/10/2001 - 20:36 (Carlos Higgie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A ESTRANGEIRA

A mãe tratava-a como se fosse uma princesa; o pai, como um objeto precioso de incomensurável valor. Tatiana, tão menina, com corpo de mulher brotando inexoravelmente, sensual e provocante. Olhos sonhadores que olhavam além do mar, buscando no horizonte longinquo algum tesouro secreto.
A cidade era pequena e pacata. No verão e nos feriados alegrava-se um pouco, sem perder o seu ar provinciano. Tatiana, linda e jovem, percebia que seus dias consumiam-se irremediavelmente e nada a convencia de que aquela cidade e aquela gente, eram parte da sua vida.
Não se tratava de desamor. Amava seus pais, tinha bons amigos, porém sonhava com outro mar menos paradisíaco, mais temperamental. O mar era dolorosamente azul, verde as vezes. Os turistas encantavam-se com as belezas do lugar e afirmavam que era um verdadeiro paraíso. Tatiana concordava. Era uma terra formosa, tíbia e deslumbrante, mas ela se consumia de saudades por outro lugar nunca visto e sempre amado.
___ Sinto saudades da cidade, do concreto, do cheiro ácido do asfalto misturado com o vapor da gasolina.- dizia.
___ Nunca morastes numa cidade assim – irritava-se a mãe.
___ Em outra vida, talvez – afirmava Tatiana.

Quando começou a sair com aquele turista quase permanente, com todo o tempo do mundo para percorrer baías, morros e trilhas intermináveis, todos pensaram nas loucas saudades de Tatiana. O pai discutia muito com a mãe. Estava preocupado pela freqüência e duração daqueles passeios nada turísticos, segundo ele. Tinha proibido as caminhadas, principalmente aquelas que aconteciam no entardecer. Mas a menina chorava, chorava e chorava, até que a mãe, intuindo o inevitável, permitia que fosse ao encontro do turista.
Uma noite, na praia deserta, deixou que o estrangeiro percorresse seu corpo, em busca do fogo pressentido e desconhecido, que crescia desde o principio de tudo. Ébria de desejo, aturdida e confusa por tanto amor, Tatiana encontrou seu caminho e fugiu com o turista, procurando em terras estranhas algo inexplicável, qualquer coisa para afugentar aquelas saudades do futuro. Algo que talvez a faria chorar. Ou não.



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