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Artigos-->O Que Há de Novo no Novo?!!! -- 16/11/2003 - 10:19 (Graziella Davanso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Será que o “novo” é “novo” mesmo? Oras, é claro que o “novo” é “novo”! Que coisa mais redundante e pleonástica!

Vou então ao dicionário, vulgo “pai dos burros” (mas engraçado que não me sinto burra fazendo isso) e leio: Novo: que existe há pouco tempo; recente, moderno; que tem pouco uso; e assim por diante. Isto não me satisfaz.

Suponhamos que o “novo” não seja tão “novo” assim e o que aconteceu foi que talvez não estivéssemos preparados para ver ou não quiséssemos ver algo que já existia; ou não fosse o momento. Blá, blá, blá, blá...

Alguém pode achar que estou ficando maluca, e talvez esteja mesmo, e isso não seja nenhuma “novidade”, mas o mais lógico que consigo realizar é que estou falando comigo mesma. Óbvio?! Estou escrevendo em frente ao computador e não tem ninguém comigo. Ou tem?!

A sensação é que questionando se o “novo” é “novo” tudo muda de lugar, nada permanece do mesmo jeito. Estranho! É como olhar um peixe no aquário a partir de ângulos diferentes. Em cada ângulo observado o peixe fica numa proporção diferente, muito embora o peixe seja o mesmo. Será? Alguém pode dizer “simples, trata-se de lei da física”. Sim, sim, sim... Lei da física. Como se chama essa lei mesmo? Não me lembro, mas sei que existe uma explicação científica para isso.

Mas tenho uma outra sensação, a de que no caminho do conhecimento alguém andou dizendo “você não sabe” e isso foi ficando gravado em algum lugar na coletividade.

Durante praticamente 5 anos em sala de aula trabalhando com educação de jovens e adultos essa frase em muitos momentos pairava no ar como se fossem balõezinhos de histórias em quadrinhos a dizer: “eu não sei”, “não vou aprender”, “não sou capaz”, “você sabe tudo, eu não sei nada”. Para passar uma borracha nesses balõezinhos foi uma batalha por dia, inclusive comigo mesma.

Hoje pergunto quem foi que andou espalhando isso por aí? Penso que o conhecimento formal anda lado a lado com o senso comum, só que o primeiro é mais sofisticado do que o segundo. Bom, é só pensar que um homem do campo que nunca freqüentou uma escola é capaz de dizer com precisão se vai chover, se vai fazer sol, etc, etc, etc.

Longe de mim querer desvalorizar o conhecimento formal, que é extremamente importante para a existência, afinal me utilizo dele constantemente, mas é que mora uma “certa certeza” dentro de mim que existe algo que sempre pode ser de alguma forma reconhecido, mesmo sendo o mais leigo dos leigos no assunto. Quantas e quantas vezes na faculdade tinha a impressão de reconhecimento, de já ter lido ou sentido algo a respeito das teorias que estudava. Claro! As teorias nada mais são do que explicações dos seres e do meio ambiente em que vivem, e das relações entre eles. Como não poderia me ver nos escritos, não é mesmo? Mas penso que no meio desse caminho houve uma grande ruptura, uma grande dissociação.

Ahhhh! Lembro neste exato momento de Moreno, o criador do Psicodrama que diz:

“O homem criou um mundo de coisas, as conservas culturais, a fim de produzir para si mesmo uma semelhança com Deus. Quando se deu conta de que fracassara em seu espaço para a criatividade máxima, separou da sua vontade de criar uma vontade de poder, usando esta última como um meio indireto pelo qual realizaria as finalidades de um Deus. Com a desesperada ânsia de uma águia ferida que não pode alçar vôo com suas próprias asas, o homem apegou-se à oportunidade que lhe era oferecida pelas conservas culturais e as máquinas, com a deificação das muletas como conseqüência. Portanto, a conserva cultural tornou-se a expressão de um ser que tem apenas um montante limitado de espontaneidade a seu controle”.

É! O ser se desligou de Deus e perdeu o atributo mais peculiar dessa relação, a espontaneidade e a criatividade, e achou mais vantajoso ficar com o poder, sem saber que fazendo isso estaria paradoxalmente fadado a perde-lo, posto ser um grande engano, porque para alçar vôo é preciso estar ligado, conectado.

Ah! Moreno! Suas idéias são tão atuais! Talvez porque sejam “novas”? Ou será que você apenas leu o que estava disponível a todos? Talvez você simplesmente tenha tirado as “vendas” e percebido que o “novo” já está ou sempre esteve. Talvez seja melhor dizer que você foi o “descobridor” e “criador” do Psicodrama que já estava, já existia? E foi mais longe dizendo:

“Para corrigir essa fraqueza essencial, o indivíduo teria de estar em muitos lugares ao mesmo tempo e incluir outros indivíduos, se possível, todos os atos criadores do universo inteiro”.

Nossa! Será que você estudou fractais?! Se estudou ninguém contou em nenhuma de suas biografias. Ou será que a idéia de fractais já existia no campo com o qual você simplesmente se conectou enquanto outros em outros lugares se conectavam com o mesmo padrão, cada um lendo de acordo com o seu conhecimento e a sua história? Seriam conhecimentos universais? Você e Jung andaram conversando? Você já sabia que sabia? Ou teria ainda sido a influência hassídica e conhecimento cabalístico que o fez dizer em sua teoria que cada um de nós é uma centelha divina? Hummm... Centelhas divinas... Fractais de Deus?!!!

Esse questionamento sobre o “novo” sempre acaba assim, me conduzindo para a idéia de Deus, de divino, numa relação na horizontalidade, de um Deus que está aqui e ali, e em toda parte.

O que há de novo nisso? Talvez a única coisa “nova” nessa história seja o movimento de tirar as vendas, abrir as portas, porque Deus sempre esteve no mesmo lugar? E quem foi que criou as portas e as vendas? Talvez a idéia de “novo” se justifique pelo simples fato de haver “vendas” e “portas”, porque existe o que está antes e depois de remove-las ou abri-las? Seriam “vendas” e “portas”... Hologramas?!!!

Tem um provérbio que define bem a sensação que me fez escrever essas linhas:

“Existem coisas que você sabe. Existem coisas que você não sabe. E também existem coisas que você não sabe que sabe. O dia em que souber aquilo que não sabe que sabe, você será realmente você”.

Quando falo essa frase em palestras, no consultório ou na conversa com amigos, percebo que mesmo a idéia não sendo nenhuma “novidade” sempre causa um certo “espanto”, um certo “estupor”, que logo em seguida traz reconhecimento (pelo menos para uma boa parte das pessoas). É! Trata-se de uma grande “novidade” mesmo!

Não seria o “novo” um livro constantemente aberto, disponível a todos e que pode ser lido a cada instante como se fosse uma história daquelas que quando começamos a ler não queremos parar mais porque há algo para ser descoberto? E talvez a descoberta a ser feita seja de que em algum ponto deste maravilhoso universo não haja nada de “novo”? Seria um retorno de volta para casa? Sim! Parece que estamos constantemente voltando para casa... Para conhecê-la pela primeira vez, T.S. Eliot? Ai! Pare de ser repetitiva! O que há de "novo" nisso? Já disse isso em outros textos.

Chega! Estou satisfeita por agora, mas sei que é só por agora, porque daqui há pouco esse ser inquieto que vos fala vai começar tudo... De “novo”, de “novo”, de “novo”...

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