-Ei! Acorda!! Estou aqui!!
Com essa frase, sussurrada em meu ouvido, despertei na madrugada, e no meio do breu, tentava inutilmente identificar, se alguém estava ao meu lado ou se havia sonhado.
No breu, só conseguia identificar o led da televisão e do ar, essas luzes infernais que mais parecem um refletor no meio da escuridão.
Não havia ninguém. Do lado, ressonava profundamente o companheiro.
Lascou-se! E agora, onde haveria de encontrar o sono perdido...
Tentei relaxar, em vão... Peguei meu note e fui para a biblioteca da casa, pois se tivesse que ver algum programa até pegar no sono novamente, o faria com tranquilidade.
Resolvi olhar algumas coisas que gostava de escrever. Há muitos anos atrás, precisamente em 2009, fiz inscrição em um canal de escritores, com a intenção de expor minhas ideias, poemas guardados, e declarações de amor à alguém que resolveu rasgar minha história de vida bem no meio, como se fosse um furacão, um tsunami ou qualquer coisa dessas, que devasta incrivelmente.
Tínhamos mesmo muitas coisas... mais de 1000 textos, todos ali, aberto ao público, que quisesse acompanhar a histórias de dois amantes apaixonados, explodindo libido pelos poros.
À medida que ia lendo, algumas delas impublicáveis, corria-me pelas veias, a quentura do sangue.
Aproveitei que estava perdida naqueles escritos, e recorri ao nosso e_mail, que guardava ainda mais mensagens trocadas, e essas sim, totalmente impublicáveis.
Parei em um deles, um vídeo em especial, onde ele tocava-se, na intenção de me enlouquecer. Dizia que era pra eu usar nos momentos de distância.
E dava mesmo gosto de ver... Uma delícia...
Parei tudo. Botei o computador em tela cheia, e fiquei apreciando a imagem contínua, a começar e terminar, e novamente começar e terminar, até que cheguei onde realmente queria chegar, onde aquela imagem me levaria, sem medo de errar.
Exausta, adormeci, sem me importar de desligar o computador.
-Oi! Você está aí!
Novamente, alguém me chamava na penumbra, mas dessa vez, era uma voz corriqueira, e quase bati com a cabeça no teto, quando olhei para tela e vi o que estava exposto.
-Oi estou sim, perdi o sono, mas já encontrei e já estou subindo.
Com um sorrisão nos lábios e em parte satisfeita, tratei de desligar correndo, e subi disfarçadamente, para então, mergulhar no sono que já havia me encontrado novamente. |
