OUTRAS LEMBRANÇAS
Houve também um outro encontro, pouco antes, pouco depois desse do Marcô. Valentina e Mauro procuravam um motel debaixo de muita chuva. Muita chuva mesmo. Depois, o grande congestionamento resultante da chuva. Muito congestionamento mesmo.
Os dois, famintos e sedentos. Amores acumulados. Paixões recolhidas. Tesões encarcerados. Gozos reprimidos. Os dois dentro do carro, lado a lado. Valentina cruzava e descruzava aquelas pernas, aquelas coxas, aqueles joelhos formidáveis. Mauro, inquieto porque os automóveis à frente não se moviam, tentava abrandar um pouco o desejo de ambos, trocando beijos molhados e profundos, e sua mão insinuante acariciava a suave pele alva das coxas de Valentina, deslizando os dedos para dentro da barra do vestido, em busca da vagina, que já estava molhada e pronta. Valentina, por sua vez, para retribuir os agrados sedutores, apalpava-lhe o pau, duro e grande, demonstrando seu desejo irreprimível.
Talvez, se ainda não estivesse tão claro no meio da tarde, ou os vidros fossem mais escuros e impenetráveis, quem sabe poderiam aproveitar o carro parado no meio do congestionamento, e sem que ninguém percebesse, achar uma posição em que o pau duro e a vagina molhada se encontrassem, finalmente, numa explosão de carícias, movimentos e sensações.
Mas era muito claro. E o jeito foi continuarem ali, aflitos e cheios de tesão, sem poder extravasar o desejo que os consume sempre, a cada dia, sem parar, sem trégua, até que se encontrem... |