E se não houvessem poetas?
Se não houvessem poetas
Os homens diriam adeus ao abstrato!
Não haveriam tantos loucos por aí falando sozinhos,
Gesticulando, chorando até,
Delirando e se projetando em uma vida de glórias.
AH! Não haveriam flores, metáforas,
Romantismo ao pé do ouvido...
Não haveriam tantas carícias.
Mas também não haveria tanta ilusão,
Tanto sofrimento,
Tantos sonhos...
(todo poeta é movido a sonho)
O que haveria é um mundo concreto!
Prédios concretos, carros concretos, empregos concretos,
Homens concretos...
Não seria capaz de se ver além da máscara humana
A masmorra que encerra tudo que é “possuível”!
(digo isso, pois só haveriam posses...)
O mundo deixaria de ser o que extraímos dele (ou abstraímos dele),
Ele seria o que ele extrai de cada um.
AH! O mundo seria uma roda gigante patética,
Uma perfeita putaria brasileira...
Imaginem só!!!
Trabalho-casa-conta-trabalho!Trabalho-casa-conta-trabalho!Trabalho-casa-conta-trabalho........ Meu Deus!!
E se não houvessem poetas?
E se a poesia fosse escassa, rala,
Transparente, intocável???
Aí não haveria vida, amigo!!!
Mas sabe de uma coisa?
Eu não temo...
Para mim somos todos poetas incondicionais...
Se ainda hoje não estamos mortos,
E temos prova de nossa existência
E temos prova de nossos sonhos
E não somos poetas
É porque fomos poetas algum dia,
Em algum lugar,
Em algum momento de nossa vida...
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