 NAQUELE INSTANTE, ELA FECHAVA OS OLHOS,
NA INTENÇÃO DE VER A VIDA QUE CORRE POR DENTRO.
UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA.
DO LADO DE FORA, SE OUVIA UMA VOZ,
AQUELA VOZ...
SEM SE IMPORTAR COM O QUE DIZIA,
PRENDIA-SE MUITO MAIS À ENTONAÇÃO,
AO TIMBRE FORTE, PAUSADO,
E POR VEZES, QUANDO ENFÁTICO,
OFEGANTE,
COMO EM TANTAS OUTRAS VEZES
QUE A ESCUTOU BEM PERTO.
NÃO IMPORTAVA SE ERA FILOSOFIA OU
ÁLGEBRA, LITERATURA OU QUALQUER OUTRA.
A VISÃO QUE TINHA, ERA DE DENTRO,
ERA DE UM OUTRO MUNDO
UMA OUTRA HISTÓRIA.
MAIS PARECIA COM UM ROMANCE LITERÁRIO.
E ALI, AQUELAS PALAVRAS GANHAVAM OUTRO SENTIDO.
DE OLHOS FECHADOS, PODIA PERCEBER A RESPIRAÇÃO,
ENTRE UMA FRASE E OUTRA,
OU PINÇAR PALAVRAS CONHECIDAS,
E MERGULHAR AINDA MAIS
NAQUELE MUNDO QUE ALIMENTAVA,
COM PENSAMENTOS OUTROS.
SERIA DE FATO, UMA RÁPIDA FUGA,
DO MUNDO REAL, PARA O IMAGINÁRIO,
DO MUNDO QUE VIVIA, PARA O QUE QUERIA VIVER,
DO MUNDO QUE VIVE, PARA O QUE VIVEU.
NAQUELES BREVES MOMENTOS,
DE OLHOS FECHADOS
COMO UMA DEVOTA EM ORAÇÃO,
PODERIA VIVER MAIS UM CAPÍTULO,
DOS MUITOS QUE IMAGINAVA
EM SEU MUNDO TÃO PARTICULAR,
NAQUELE MUNDO QUE SE PERMITIA
POR VEZ OU OUTRA VISITAR.
VALENTINA FRAGA |
