Voando de mãos dadas
Esgotadas as brincadeiras normais, como susto, pegador, andar de bicicleta ou balançar na gangorra, queríamos novidades. Ficamos, todos, a pensar em algo diferente.
Foi então que Pedrinho, o mais velho dos primos, teve uma idéia luminosa, que ele achou brilhante. Convocou-nos para uma reunião no terraço lá de cima e explicou o que devíamos fazer.
Como formigas trabalhadeiras, rapidinho tiramos os lençóis de uma cama. Com certa dificuldade, levantamos o colchão - que era de mola e pesadíssimo - e o levamos até o terraço. Foi também difícil fazê-lo ultrapassar a grade para cair lá embaixo.
Agora, sim, podíamos todos subir na mureta e, de mãos dadas, pular lá do alto. Não seria gostoso? Voaríamos um pouco, depois cairíamos no macio...
Antes, porém, que tivéssemos tido tempo de nos preparar direitinho para o vôo, um carro estacionou ali em frente e desviou nossa atenção. Dele saiu mamãe gesticulando muito. “Já pra dentro, criançada! Tenho uma surpresa pra vocês!” Surpresa era conosco mesmo, e mais que depressa, fizemos meia-volta. Atropelando uns aos outros, rolamos escada abaixo.
Mamãe tinha trazido sorvete, o que foi suficiente para nos distrair, e até esquecer da nova brincadeira.
... E se ela não tivesse chegado bem naquela hora... já pensou?
Beatriz Cruz
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