ESSA NOITE,
COMO EM OUTRAS TANTAS,
ME VIA DE OLHOS ARREGALADOS,
VIDRADOS NO TETO ESCURO.
CONTAVA CARNEIROS, GATOS, ELEFANTES,
CABRAS, BEZERROS, E NADA FAZIA O SONO VOLTAR.
PASSEI MÃO NO CELULAR,
QUE A ESSA ALTURA, JÁ SE RECUPERAVA,
LIGADO NA TOMADA, DO DIA DE TRABALHO.
ACESSEI ALI, UM EMAIL SÓ MEU.
COMECEI A LER MENSAGENS ANTIGAS,
POEMAS MEUS E TEU,
TRADUÇÃO DE DESEJOS ACUMULADOS,
RECADINHOS SEDUTORES,
CONVITES RECHEADOS DE VONTADE DE AMAR.
ENTRE TANTAS COISAS,
TROCAMOS, AFOITOS,
ALGUMAS PARTES NOSSAS.
PARTES QUE DENUNCIAVAM O TAMANHO
DO DESEJO QUE PULSAVA.
E APESAR DE AFOITO,
AINDA EXISTIA O DESEJO DE MUITO MAIS.
ERAM APENAS PARTES,
MAS QUE EXPRESSAVAM O QUE AGUARDÁVAMOS
UM DO OUTRO.
NÃO HAVIA TANTO,
ENTRETANTO, O POUCO QUE HAVIA,
MOSTRAVA COM DESVELO, O DESEJO QUE HABITAVA
EM CADA UM.
UMA OU DUAS, SE MOVIMENTAVAM, COMO UM FILME
QUE SE REPETIA CONTINUAMENTE,
DANDO A FURTIVA IMPRESSÃO DE ALGO SEM FIM.
MAS O FIM, NÃO PODERIA SER ASSIM.
AS PARTES DEVERIAM ESTAR JUNTAS.
NÃO EM PARTE, MAS COMPLETAS, INTEIRAS,
DE VERDADE, ENCARNADAS,
COM INTENÇÃO DE SE PROVAREM,
E AO INVÉS DE PARTES DE CADA UM,
SERÍAMOS TODO, UM PARA O OUTRO.
ASSIM, PASSEI PELO MENOS UMA HORA OU MAIS.
VENDO E REVENDO,
LENDO E RELENDO,
ATÉ QUE ATINGISSE ALI,
MESMO QUE SOZINHA,
EM PARTE DE VOCÊ
ALGUMA PARTE DE MIM.
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