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Artigos-->Um velho amigo petista -- 23/11/2003 - 22:59 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Um velho amigo petista

Athos Ronaldo Miralha da Cunha



Eu tinha um amigo. Petista de coração e mente. Esse amigo era daqueles que desfraldavam as bandeiras nos comícios. Esse amigo cerrava os punhos saudando o futuro que estava ao alcance das nossas mãos. Esse amigo emocionava-se com a eloqüência dos oradores.



Faz tempo que não o encontro. A última vez foi em uma passeata na campanha de Olívio Dutra ao governo do Estado em 1998. Caminhamos lado a lado pelas ruas de Santa Maria.

Esse amigo era sonhador. Um senhor sexagenário, possuía uma volumosa melena branca e uma barba sempre por fazer. Era humilde, simpático e extremamente educado. Incapaz de elevar o tom da voz para ofender uma pessoa. Tinha o olhar sincero gestos cândidos e uma fala honesta.

Não era filiado e não participava da “vanguarda revolucionaria” que sonhava com a classe trabalhadora no poder. Ele era simplesmente um petista. Um autêntico petista.



Hoje, penso que ele era o mais autêntico militante petista que conheci. Ele, sim, carregava a alma e o sentimento transformador do PT. Ele tinha atitude dos humanistas e a perseverança dos revolucionários.

A sua tese era simples “Eu sou um trabalhador, então voto no Partido dos Trabalhadores”. Simples, não? Ele não tinha “aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Éramos vizinhos e nos mudamos quase na mesma época. Nunca mais encontrei o velho petista. Nunca mais cruzei com ele nos comícios ou nos encontros do partido.



Nessa meia década que se passou, todos mudamos. O mundo, o PT e eu mudei.

Às vezes penso que eu mudei bruscamente e que tudo aconteceu muito rápido. Inclusive nas minhas saudáveis contradições. Ainda sinto saudades de antigas utopias nas minhas andanças pela política, mesmo assim acredito que sou melhor do que era há cinco anos. Ando carregado de dúvidas e olhares desfeitos. E penso que falta uma disseminação de sonhos e mais arrojo humanitário, e, mesmo assim, eu ainda acredito que sou melhor do que eu era.

E espero não me decepcionar nos próximos anos.



Às vezes me vejo pacato demais. Exacerbado na minha quietude. Confesso, gostaria de fazer e acreditar mais, gostaria de ser mais revolucionário. Não no sentido de pagar em armas, mas no intuito de promover as mudanças. Acredito que não haverá uma revolução e sim uma nova sociedade. E é para isso que estamos aqui.



Quando estou escrevendo ouço “Valse des fleurs” de Tschaikowsky e isso nos inspira e anima. E podemos ver que o mundo pode ser muito mais belo e desejável. Quando percebemos que alguém criou uma valsa com essa beleza, nos temos certeza que o mundo pode ser justo e moderno para todos. Nós só temos que transformar o sonho em realidade.

Parece impossível, mas há pessoas que lutaram uma vida interia para isso.



Gostaria de reencontrar esse meu amigo, mas tenho receio. Eu tenho receio porque ele pode ter mudado como eu mudei e perdido a sua autenticidade. O seu jeito simples de ser PT. E eu gostaria de encontrá-lo com o mesmo olhar utópico e com o mesmo coração e sentimento do autêntico PT. Eu gostaria de revê-lo com um militante na multidão, mas com a certeza que ali caminha um velho sonhador de alma petista.









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