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Cartas-->Correio Eletrônico ( 1 ) -- 06/02/2002 - 15:24 (eva braun) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Prezado Sr. Pitibiriba



Café tá pronto? Então senta aí, que eu vou dizer umas tantas pro senhor. Não respondi a sua carta antes porque de uns tempos pra cá rompi amizade com a caneta e só uso o computador lá do escritório. Núncaras passo pelo correio do bairro que quem gosta de fila tem hora pra perder, daí minha resposta é uma menopausa de dar dó, sempre no atraso.

Vou começar cantando o número: não entendi o que o senhor quer comigo não pra me escrever assim sem mais. Emprego eu já tenho, o primeiro de sala com mesa, cafezinho, água gelada, vale-transporte. Só Deus sabe como me arranjo por lá sem falar língua de gringo. Casada eu já sou, não vejo meu marido desde o Carnaval passado quando ele saiu de Globeleza pra jogar pelada com o pessoal da siderúrgica e não voltou caminho até hoje. Mas isso é outro livro que não interessa ao senhor. Dizem meus compadres que ele virou michê lá pras banda de Copacabana. Ele que fique à vontade. Já tive até outro catarrento que ele nem conhece de retrato, igualzinho a ele, só não tem a pinta no saco.

De volta aqui ao nosso canto. Rolar comigo também acho que o senhor não há de querer. Quem compra família pronta hoje em dia? Cinco filhos, uma beleza de figura, tudo chorando pra participar da Casa dos Artistas do Sílvio que lá tem piscina quente, grude bom e moleza 24 horas. Tudo pago em nota. E por isso fico aqui pensando eu e minhas moscas o que será o motivo que esse homem daí quer falar comigo. O senhor é sequestrador? É médico? Quer clonar um dos meus guris pra botar na novela das 8 ? Quer me levar pro Japão pra trabalhar de graça e ficar devendo? Ou quer meu fígado pra colocar no lugar do seu que tá rateando? tem coisa pior? É político em campanha? Meu voto vale uma cesta básica? Ou quer passar a mão no meu dízimo quando eu me estrebuchar feito uma endemoniada?

Olha, eu nem devia de estar escrevendo pro senhor. Isso tem cara de perigoso,sabe? Não quero virar manchete de Cidade Alerta. Vai que o senhor descobre onde moro e se esbarra comigo na esquina...sei não. São nesses trecos que eu fico assim pensando quando não sei o que fazer. Mas, como minha avó dizia, se pensamento fosse tostão, todo mundo era rico. Agora, tem um pontinho aí que o senhor disse que me deixou encanada. Disse que eu já faxinei pro senhor no tempo do governador gaúcho. Pera aí! É dia que não acaba mais. Fiquei matutando, matutando, a dúzia de banana se acabou e não consegui me lembrar nem da primeira casca. De onde, de quando, nesse mundo de Deus eu conheço esse tal de Pitibiriba? Ora, eu não dou prosa pra francês, não pergunto que horas pra vizinho, não esquento cadeira em birosca, não divido cigarro nem com irmão, foi aonde que eu trabalhei pro senhor? Na malharia, meu primeiro emprego, só tinha eu, a Cleide, o Risório, a Musqueba e o Sr. Fonseca, o resto lavava pra fora. Depois teve a padaria, tudo portuga, sem Pitibiriba nenhum...só se o senhor era freguês, mas eu lembro não de pra quem eu embrulhava o pão todo santo dia, vá lá. Só se o senhor fosse coxo ou zarolho ou alguma coisa que chamasse minha atenção. Tom Cruise? É ruim... Não não mesmo,não sei do que o senhor tá falando. Será que foi no Piscinão de Ramos? Mas isso é coisa de outro dia, e só fui lá uma vez. Cruz credo. Dói até o miolo ficar puxando pela memória. Pedaço de coisa ruim. O senhor fica dizendo que eu morava no Catumbi. Fique sabendo que nunca colei pé no Catumbi, seu Pitibiriba. Pro seu governo. Nem pense que eu vou lhe cantar onde é que moro.`É o quê? Sabe de uma coisa? Acho que o senhor queimou o fusível ou então tá vendo a fotografia errada. Nunca fui chapinha sua nem meu marido é boiero. Te esconjuro. Só porque o senhor é bacana deve achar que conhece a ficha de todo mundo. Parece até um camelô namorado que tive de menina, cheio de escola e leros. Vendia caldo de cana na feira da Glória e fazia a felicidade das madames vez em quando, me deixando sozinha pra passar cana na máquina. Eu suava feito dia de sol. Que pilantra. Mas o nome dele era Necas. E o senhor, esse eu não conheço não. Tá decidido. Essa gente tem cada uma!

Vê se não me amola mais

Sua criada


Teresinha
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