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Cartas-->LUZ. -- 26/01/2010 - 22:24 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
L U Z.
Ana Zélia

Acredite. Minha missão na terra era o de clarear os caminhos escuros de cada ser que eu conhecesse.

Em vez de ANA seria LUZ.

Como tudo que é demais enjoa, ofusquei a tantos por onde passei.

Um dia quis saber por que amei você.

Logo de cara senti que eras daquelas pessoas que carecem de ajuda.

Um homem bom, mas sofrido, por alguma coisa que desconhecia. Foi assim que recebi a primeira mensagem e resolvi ser LUZ.

Pobre de mim. Ao declarar-me a você vi que a partir dali minha vida mudaria.

Em vez de LUZ seria treva. Seria tão negra quanto as noites frias.

Voltei a mim e perguntei ao censor. Por quê? A resposta foi clara.

És como vagalume que brilha nas noites.

Teu trabalho por seres filha da Lua é na noite.

Jamais precisarias de LUZ, porque te acostumaste com as trevas.

Tentei ser negra como as trevas. Nem assim consegui você, fui repudiada em todos os sentidos. Desiludida busquei em mim a GIRA que gira, gira, que volteia,

voltei nas tempestades, que tem medo da chuva mas adora os ventos, os temporais.

Nada de respostas. Em mim estava formado o enigma.
Amava um teorema sem solução. Fingi ser cega e nada.
Ouvia, via e sentia as mudanças de teu comportamento a mim.

Chegaste a ter vergonha de pronunciar meu nome.

EU SOU LUZ. Em tuas prelações falas coisas assim.

O Cirineu é o caminho, a verdade, a vida. Responda-me se puderes:

Quem é Deus? Seria o negro, o pobre, a prostituta?
Uma flor seria Deus?

O sorriso de uma criança ou choro dos famintos seriam de Deus?

Quem é Deus?

Busquei os livros e tive respostas assim:

Deus somos todos nós. A quem Ele fez sua imagem e semelhança.

Pergunto-me:
Por que um homem possui o dom da fala, tem um público a seus pés, emite as mais diversas mensagens que são captadas por todos, pode me repudiar, achar que em vez de LUZ sou trevas?

Acredite. Houve dias em eu tive dúvidas se eu ainda era uma mulher de verdade.

Uma mulher capaz de mexer com a cabeça de qualquer homem ou se já perdera a fibra, coragem? Hormônios?

Senti-me velha, sem forças.

Por que estava a todo instante sendo repudiada por um homem a quem eu queria.

Odiei este Deus preconceituoso que ajuda uns, lhe dá tudo e nega o mais elementar direito a outros.

O de amar e ser amado.

Odiei este Deus que faz chover no roçado do branco, do rico, dos poderosos e nega a chuva aos pretos, pobres, prostitutas.

Quando você me disse que desejava a mim três letras. Paz.

Confesso. Odiei a palavra Paz porque ela é você disfarçado de gente.

E você nega o que todos sabem. O seu amor por mim.

Não é possível que eu seja tão inferior a você?

Não é possível que eu seja uma mulher má, sem reputação, incapaz de fazer feliz um homem como você.

Hoje meu amigo, odeio a mim mesma pela imbecilidade de continuar tentando ser amada.

Porque você sabe que é amado e abusa.


Um dia amei um homem casado, ao ser descoberto pela esposa se afastou.

Negava todos os instantes em que fui a ele apoio, vida.
Tive medo de não continuar viva.

Fui às lojas e comprei uma caixa de espelhos,

me olhei em todos eles para saber se houvera mudado de cara.

Hoje repito a cena.

Olho e olho minha imagem no espelho.

Seria tão feia? Seria ridícula? Infiel? Incapaz? Medíocre, Prostituta? Uma qualquer?...

Mil respostas vieram à minha cabeça. Não sou nada disto.

Sou LUZ e ofusquei você.

A única maneira que conseguiste para me afastar foi me rejeitando de forma que esqueci ser LUZ.

Aceitei a proposta, sua idéia.

A partir de hoje passo a ser trevas em vez de luz.

Passo a odiar em vez de amar, talvez assim volte a ser feliz.
Manaus, 10.12.1994.
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Nota da autora- A vida é uma encruzilhada, com quatro cantos, cada canto com seu dono e protetor, se descuidar tem batida na certa. Passamos por tempestades, nuvens escuras e de repente tudo clareia e você se pergunta: Estou ficando cega? Gostar de um cara tão medíocre. Ah! O amor nos deixa cegos e nos faz idiotas. É preciso cautela e pé no chão. Passou, não valia a pena. Manaus, 26 de janeiro de 2010.






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