O BEIJO NO ORELHÃO
Em manhã de chuva forte, saí para o trabalho. Na esquina, porém, lembrei de algo, o carro brequei. Desci correndo, mas entre meus pés e a calçada, tava ali a enxurrada. De olho na água, num salto pulei e quando a cabeça levantei, bum! A cara amassei.
Zonza, não entendi muito bem, só depois vi que no orelhão entrei. Por sorte, bati do lado, o telefone não beijei. Quem estava na porta do bar, à espera da chuva amainar, achou engraçada a minha patacoada.
De volta ao carro, de esguelha no espelho olhei, e me assustei: uma lágrima de sangue escorria pela face!... Meu Deus! Tô enxergando tudo, o olho não furei...
Na escola, a enfermeira limpou o corte, passou mertiolate, ardeu pra chuchu. E com esparadrapo cobriu meu nariz.
Quando entrei na classe, vocês podem adivinhar... A molecada não parava de gargalhar!
Contei, então, duzentas vezes a mesma história e todos diziam: Nossa! Até parece pegadinha do Faustão!
Beatriz Cruz
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