Congadas
Às vezes íamos passear em Tremembé. Sempre ouvi dizer que antigamente as famílias taubateanas iam em peso festejar na cidade vizinha. E lá permaneciam por uma semana. Missas de manhã na igreja do Bom Jesus, rezas à noite...
Nina, prima de papai, tinha uma casa na praça. Ela não morava lá, a casa era aberta somente algumas vezes por ano, principalmente por ocasião das festas de Reis e do Divino. Então, enchia-se de convidados.
Durante as tardes, na praça cheia de gente, grupos folclóricos se apresentavam.
Homens negros vestidos de branco, com fitas coloridas cruzando o peito, formavam duas fileiras, e batendo bastões, davam passinhos pra frente e para trás, cantando umas toadas monótonas. Nós assistíamos a estas danças e o que eu achava mais interessante eram os guizos que eles traziam nos calcanhares. A cada passo, bem marcado, soavam todos ao mesmo tempo.
Era a congada, os adultos explicavam. Tradição dos escravos que vieram do Congo. Eu não entendia muito bem... Gostava mesmo era de ouvir os guizos.
Depois das danças, corríamos e brincávamos no jardim. Ganhávamos também balas e pipocas.
Beatriz Cruz |