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Poesias-->Romance do meu encontro com Mestre Egídio -- 30/12/2001 - 15:52 (José Mario Martínez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os olhos de Mestre Egídio

são azuis como o caderno

azul que leva na pasta,

no qual escreve seus versos.

Quatro cadernos trazia,

aquele azul, o vermelho,

também o branco, da paz,

e outro caderno amarelo.

Os quatro de capa dura,

de capa dura seus versos.



As barbas de Mestre Egídio

não são as barbas dum velho,

são as barbas de quem vive

diversas vidas num tempo.

Vida de ourives poeta,

e dos sonhos garimpeiro,

vida de quem faz espadas

de samurai, e guerreiro,

de combatente de amor

e cantador de mistérios.



Tantas vidas vive o Mestre,

e de modo tão intenso

que nem todas as palavras

podem dar conta do reto.

Por isso é que precisava

contar causos com silêncios

enquanto muitas palavras

- nomes, pronomes e verbos -

atropelam-se nas portas

para ver quem sai primeiro.



Suas histórias não se escrevem,

se esparramam pelo vento,

são sementes que o acaso

deposita em seus cadernos.

Ai, Maria Aparecida,

mulher de gloriosos feitos,

não raspavas teus bigodes

pois sabias que eram belos

para um certo Lamparina,

teu marido cangaceiro!



Seu amigo é Zé Limeira,

mesmo morto, aquele negro,

que hoje anda cantando coplas

indo dos céus pros infernos.

Quando canta seus absurdos

assim se queixa São Pedro:

"Limeira, vé se te manca,

tu já conheceu Ionesco?"

Limeira, sem saber nada,

faz um cordel pro romeno.



Me fala de Daniel Fiúza,

poeta paulista e honesto,

e de Guido Carlos Piva,

e também dos desafetos.

Não tem rancor de ninguém

mas na língua não tem pelos.

Quem brigar com Mestre Egídio

afie as facas, que é sério

e esteja pronto pro abraço,

pois na paz vai ser sincero.



"Esta é Ana, minha musa"

(Minha mulher lhe apresento)

e ele me fala da sua:

"... por quem sinto amor imenso.

Ela me deu cinco filhos

do total de dez que tenho

e também, por extensão,

as duas dúzias de netos.

Veja a foto, não envelhece,

veja, Mario, seus cabelos!"



E, assim, passamos a tarde

como dois amigos velhos,

que não se importam que passe

entre os encontros, o tempo.

Falamos, também de Lope

de Vega e de Martín Fierro

e, na estação rodoviária

"Até Belém", prometemos.

Foi em Campinas, São Paulo,

um 26 de dezembro.







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