Cada um pra sua casa
Depois de alguns dias na capital inglesa, cada um de nós seguiu seu rumo, indo para a casa das famílias que nos acolheriam, localizadas em diferentes cidades.
Eu fui para Stockport, mais ao norte, onde uma senhora louríssima e gorducha me esperava na estação, acompanhada de duas jovens magras, de cabelos castanhos.
Entramos no carro e eu sentei na frente, no lugar em que para nós fica o motorista. Só que a motorista era a senhora gorducha sentada ao meu lado (direito). Tremendo, fui apertando minha bolsa a cada esquina. A sensação era horrível, ia pensando se encontrarmos pela proa um daqueles ônibus de dois andares, estamos fritas... Felizmente os ônibus de dois andares circulavam pelo outro lado da rua, assim como os demais veículos. Embora tivesse me assustado um pouco ao atravessar as ruas em Londres, ainda não tinha me habituado a andar na contra-mão. As moças, no banco de trás, riam de mim. Eram francesas e compreenderam logo o meu drama. Enquanto isto Mrs Brown, que bem podia chamar-se Mrs Red, mandava brasa. Como a cidade não era grande nem congestionada, em pouco tempo chegamos ao nosso destino.
Fiquei surpresa, porque sua casa era mais espaçosa do que eu imaginara. Imaginei também que ela fosse me apresentar o marido e os filhos, mas isto não aconteceu. Depois que me deixou no quarto com as francesas, ela foi para a cozinha, cuidar do jantar.
Foi então as moças contaram que minha anfitriã era viúva e sua casa não passava de uma pensão. As duas trabalhavam ali como arrumadeiras, em troca do quarto e da comida. Eram estudantes e, como eu, só queriam treinar o inglês.
E lá ficamos nós três, conversando em francês...
Beatriz Cruz
|
