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Cronicas-->Sobre futebol e hinos nacionais -- 05/02/2018 - 09:51 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

Sobre futebol e hinos nacionais

Félix Maier

Este ano, teremos mais uma Copa do Mundo, na Rússia. Serácute; hora de ouvirmos muitos hinos nacionais, que serão executados antes das partidas de futebol - exceto os dos EUA e da Itácute;lia, países presentes nas últimas Copas, que não se classificaram desta vez.

Hoje, não falemos sobre futebol, ainda que o Brasil de Tite seja considerado um dos favoritos a vencer a competição. Depois daquele vergonhoso 7 x 1, contra a Alemanha, é melhor baixar a bola, ao menos por enquanto. Assim, falemos sobre hinos nacionais.

Comecemos pela terra de Victor Hugo. O hino francês, a Marsellaise, é um dobrado militar, viril, um convite à guerra, com faca na boca, para um combate corpo a corpo. A gente até vê o sangue esguichar, os heróis tombando com orgulho e um sorriso nos lácute;bios. A música de combate sempre deve ser vibrante, senão turba alguma se lançaria à luta. Afinal, o hino foi feito ainda sob a fumaça da queda da Bastilha, após a Revolução Francesa. O hino francês segue em ritmo frenético, num fraseado musical ascendente, até atingir seu clímax, ao chamar aux armes, citoyens! É verdade, o hino tem algumas alterações musicais, alguns sustenidos ou bemóis - não me lembro mais, pois hácute; muito não dedilho teclado nem leio partitura -, para maior dramaticidade, no trecho em que fala sobre mugir ces féroces soldats. Mas, em relação ao hino brasileiro, é uma música absolutamente previsível, sem medo de imitar o padrão de tantos outros por aí, mundo a fora.

O hino inglês, por sua vez, é majestácute;tico, lento e um tanto fúnebre, tem apenas 7 notas musicais. Qualquer teclado de criança, de apenas uma escala, serve para executar a música - o que não deixa de ser um feito, para a música, e uma grande vantagem, para o músico. Não sendo pomposo como a Marsellaise, o hino de Sua Majestade também tem um crescendo, curto o quanto permitem suas poucas notas musicais, concluindo com um brado de God save the Queen. (Pelo visto, demorarácute; muito para ouvirmos God save the King, a Rainha Elisabeth II tem uma saúde mais forte que pau-ferro...) Música igualmente previsível, o cara ouve a primeira frase musical do hino inglês, não tem dificuldade de preencher as notas restantes no pentagrama. É um hino para se ouvir sentado, de preferência deitado, lembrando o outrora grande Império Britânico, sobre o qual o sol nunca deixava de brilhar. Se analisarmos o tamanho da escala musical de God Save the Queen, podemos dizer que equivale à nossa canção folclórica Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Mas hácute; uma grande diferença: o hino inglês é apenas uma marcha fúnebre, enquanto Asa Branca, com apenas 6 notas, consegue retratar magistralmente a epopeia nordestina.

O hino americano é pomposo, como convém que seja o hino da nação mais poderosa do planeta. Ao contrácute;rio do inglês, o hino americano esparrama suas notas por duas oitavas quase completas, é preciso ter peito de Pavarotti para cantar com força e impostação todas suas notas musicais, da mais grave à mais aguda. Por isso, apenas divas do bel canto costumam cantar o hino, seja em estácute;dios de beisebol, seja durante a abertura de mais uma Olimpíada na terra de Tio Sam. Um cantor comum apenas conseguiria assobiar as notas mais agudas. The star-spangled banner é uma música bastante vibrante, sim, mas primácute;ria, com uma alternância simplificada de notas fundamentais e dominantes, uma espécie de Con te partiró, muito ouvido na voz de Andrea Bocelli. Por isso, chega a empolgar uma galera não muito exigente, especialmente pronta para ir à guerra de mentirinha contra o Afeganistão, ou para mexer com os brios dos gigantes da NBA - sem brios nesses tempos de Trump. Mas não deixa de ser uma composição simplista, com jeito de blefe, um laralilarácute; de canto de banheiro, um simples dó-sol-dó para aquecer as cordas vocais de um tenor ou soprano antes de entrar no palco.

Vejamos, finalmente, o Hino Nacional brasileiro. De fato, em um país de botocudos, como o nosso, é admirácute;vel que tenhamos um hino com letra tão rebuscada, parnasiana, e uma música tão sofisticada. É notácute;vel que na terra do samba, do pagode, do sertanejo e do funk, além da bossa-nova, nosso hino tenha tantas alterações musicais, com sustenidos, bemóis e bequadros a quatro por quatro. Uma música de composição tão complexa, cuja introdução orquestral estácute; cheia de vibrantes trinados, só executácute;veis por músicos calejados, uma música de canto mais difícil ainda, cheia de meios-tons, era de se esperar que viesse da terra de um clácute;ssico, como Handel, ou de um moderno, como Gershwin, nunca da terra de Anitta e Pabblo Vittar. Por isso, não dácute; para entender também que um país que tenha um compositor da estatura do teuto-britânico Handel, autor do celestial Aleluia, vácute; se contentar com uma singela e dorminhoca marchinha para ser seu hino nacional. Aleluia, depois que foi aplaudido de pé pelo Rei e sua corte, após a primeira apresentação - costume que os palcos repetem até os dias atuais -, deveria imediatamente substituir aquela cançãozinha fúnebre que faz as vezes de hino de Sua Majestade.

Não dácute; para entender mesmo nada. Nosso hino, pela lógica, deveria ser simples, com no mácute;ximo umas cinco ou seis notas. Com Asa Branca estaríamos bem representados para as solenidades quando subisse a Bandeira brasileira por ocasião da entrega de medalhas de ouro nas Olimpíadas. A propósito, durante as Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, poderíamos ter mandado tocar a Canção do Exército (ou da Marinha ou da Aeronácute;utica), jácute; que 60% das medalhas foram conquistadas por militares. Com Cana Verde, de Tonico e Tinoco, também estaríamos satisfeitos, não precisaríamos nem lançar mão do gingado e do balanço de Garota de Ipanema, de Tom Jobim, para impor nossa sensual nacionalidade. Claro, Coração de Luto, mais conhecido como "Churrasquinho de Mãe", de Teixeirinha, estaria descartado. O Ébrio, de Vicente Celestino, também. Por mais bregas e atrasados que somos, é difícil encontrar duas músicas mais cafonas do que estas últimas em toda a musicologia mundial. E como fizeram sucesso por aqui!

Depois que ouvi o Olodum executar nosso Hino no Palácute;cio do Planalto (eu preferia que fossem os Canarinhos de Petrópolis), após mais uma conquista da Copa, me convenci de vez que temos que mudar a letra e a música da canção de nossa Pácute;tria o mais rácute;pido possível. Minha preferência fica, como jácute; insinuei, com Asa Branca. O leitor que faça também a escolha do seu hino preferido, simples, belo, fagueiro, na escala de dó, portanto sem teclas pretas, só brancas (me desculpe o Movimento Negro), para substituir o lindo porém sofisticado Hino Nacional brasileiro. É muito sustenido, muito bemol, letra bonita demais para um povo analfabeto, que ainda sofre de "complexo de vira-lata", como disse Nélson Rodrigues, que só quer saber de samba, pagode e funk. Porém, Eu não sou cachorro não, de Waldick Soriano, não vale... 

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