NARCISO E O ANO NOVO
Lá fora, a noite anda mundo,
Musas, gigolôs, mundanas, sibaritas, pachás,
O blues, o reggae, a libido, a eufórbia...
Tremulam troféus, fervilham-se os gozos,
Vertendo sodômicamente a mais pura afrodisia.
Aqui, Narciso, junta cacos dos espelhos
Com os olhos de ônix em plena maresia!
Náufrago, bebe das ondas, em desesperos,
Corta a noite por linhas da simetria...
Há soluços, choram as flores de plásticos,
Em qualquer canto, por linhas da assimetria,
Jogam os búzios, rogando aos astros...
Reflete-se nos espelhos o novo ano,
E incendiado com dois goles de delírios,
Narciso faz da noite um relicário, asilado,
Desembarca do ano velho, olhando os azuis,
semeia novos lírios do vale dos esquecidos!
Nhca
Dez/01
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