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Poesias-->torvelinho -- 16/04/2000 - 13:58 (Rômulo Venades da Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
torvelino





Fora a folha que me desforra,

afora o lápis em que seguro

sou o marco de minha vida,

a via e o limite que me retém.

Há dias que não escrevo e

escrevo os dias num diário imaginário,

inimaginável e existente no

ranço que me provém e, que,

portanto, venho por ser um escravo.;

sou um filho da memória.

Me esqueço de palavras dóceis,

me detenho na aspereza de

lógicas cabalísticas

de canibais da língua e da linguagem.

As palavras que agora me arrebatam

são sempre desordenadas. Não partem de uma consciência clara,

de uma límpida razão, mas do obscuro e do inatingível

de uma desrazão, uma não emoção,

o nada.; do nada que nos cerca e

que me envolve. O lápis corre na

folha e deixa escorrer o lastro que

a faca transformaria em sangue:

a tinta desordenadamente na folha torna-se uma vereda

de gotas que resvalam não pelo corte ou a cisão que provoca,

mas pelo corpo da escrita que se emancipa num corpo de ossos.

A linguagem corta como lâmina.

Na escrita o corpo sangra

sem derramar o plasma, sem jorrar,

porém rebentando vida em cada palavra de morte.;

mortificando o homem-personagem-de-papel dá-lhe a morte

vida na posteridade, em folhas numeradas, amareladas, tipografadas.;

velhas legendas transformadas em ícones preenchem o extenso labirinto,

limítrofe de duas abas,

paredes de celulose que cercam e dão margem,

à margem de uma sociedade que serve a uma Literatura,

a uma escrita,

a um meio de difusão de si própria,

vive a letra, escarlate,

púrpura.;

o crime de um padre.; o castigo para os amantes. O espectro do amor

vive intempestivo, sobrevive impetuosamente entre as páginas,

por entre as linhas de um romance.; de uma novela.;

no folhetim índio e burguês se encontram,

se amam,

se constróem um ao outro.

O amor está entre as folhas, no limite de capa e espada,

até que o FIM provoque o epílogo

e o preâmbulo de um amor que se reinicia a cada leitura,

a cada releitura o amor se renova,

nasce na retina de um leitor, amadurece

e na verdade, não morre.

A linguagem corta como lâmina,

porém a precisão do bisturi cabe à palavra.

Passa-se o tempo

emadurece o leitor,

morrem leitor e tempo num espaço vazio e inconoclástico.

Vive a palavra porque traspassa a cronologia de uma época.;

a areia fina do deserto cheio de descrições e magias plásticas,

transformados homem tempo e espaço no objeto onírico da arte,

inviabilizada pelo deserto de uma moralista e reacionária sociedade,

a destruidora de tempos mórbidos,

responsável pelo embalsamento de uma época

que se transforma,

mas como artífice da linguagem plástica, sonora, narrativa

deixa as marcas de um tempo,

a impressão de uma época,

o registro da manifestação de um povo.

A língua corta como lâmina,

porém à palavra ...

A palavra.

Ainda não é o fim.
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