A mágica do xixi
Tomávamos sempre limonada, laranjada ou cajuada, feitas em casa, com bastante água e açúcar. Só em dias de festa apareciam garrafas de maçãzinha, guaraná-caçula ou grapete. Às vezes, crush também.
Nós, como as crianças em geral, não gostávamos de verduras nem legumes. Comíamos espinafre, pra ficarmos fortes como o Popeye. Depois do almoço, os meninos até faziam força na mão, pra examinar o traço. Será que já conseguiam aquela curvinha no braço?
Preocupada com nossa alimentação, mamãe preparava uma bebida especial: batia frutas no liquidificador, com cenoura e tomate. Logo a apelidamos de “turru”, por causa do barulho do motor. Não era lá dessas coisas, dava pro gasto.
Um belo dia, porém, o turru veio diferente. Mais atraente. Sua tonalidade, de normal avermelhada, puxava pra cor de maravilha. E nós todos gostamos, tomamos que nos fartamos. E queríamos mais, sempre assim, como carmim.
É porque descobrimos nele uma outra qualidade. Depois de tomá-lo em quantidade, dava aquela vontade de ir ao banheiro. Fazer pipi. E, surpresa geral. Nada de xixi verde ou amarelo, como é natural. O que todo mundo fazia era pura magia...
...Xixi vermelho, como os olhos de um coelho!
Beatriz Cruz
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