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cronicas-->1. UM GALO DE BRIGA -- 09/07/2001 - 07:23 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Fui, na Terra, de caráter explosivo. Embora não tenha mudado muito ao chegar a estas plagas espirituais, precisei afinar, para não me perder nas mãos dos mais poderosos. Era forte o suficiente para impor-me a todos os grupos de que fiz parte, mas, no etéreo, deixei de cantar de galo bem cedinho.

Espero não despertar a antipatia dos irmãos, por me evidenciar maior em alguma coisa, pois o que mais detestaria seria fazer acreditar que tivesse tido ou que tenha qualquer mérito perante os companheiros.

Tenho de ficar eternamente pedindo perdão por tantos prejuízos que causei, que estou adquirindo o hábito de fazê-lo até mesmo quando nenhum traço de ofensa tenha existido nas atitudes. Mas isto irá passar, com certeza, quando tiver sido perdoado integralmente.

Quererá isso dizer que tenho inimigos? Sim, e muitos, espalhados pela face da Terra e internados nas profundezas do báratro. Alguns deles já se convenceram de que sou, realmente, inofensivo e me deram a honra de se apresentarem para a formalização das recíprocas desculpas, porque, se muito ofendi, também fui ofendido. Mas isso não teve o significado de total condescendência pelas falhas mútuas, havendo certo ressentimento em quase todos, pois o aprendizado das virtudes não se dá só pelo fato de nos termos compenetrado de sua necessidade.

Vamos aos fatos.

Quando vivo, defendia a tese de que todos os homens somente podem sobreviver se se impuserem pela força, mesmo que sutilmente transformada em lúcidas e convincentes argumentações. Eu não tinha medo de nada e contra todos investi, de olhos fechados, impedindo-me de ver os males que provocava.

Se vocês estão pensando que houve algum grande amor a justificar momentos de exaltação sentimental, estarão muito enganados. Até em relação às mulheres com quem me entendi (perdoem-me a rudeza das expressões), determinava que os privilégios delas paravam exatamente na minha vontade de atendê-las. O mais era só puro gozo carnal, nada que envolvesse sentimentos ou pruridos emotivos.

A minha rudeza era tanta que até os filhos me detestavam, sendo os que maiores problemas me causaram em vida e mesmo depois de morto, pois os péssimos fluidos energéticos que emitiam contra mim faziam-me extremamente vulnerável paras as perseguições. Eu não disse que logo afinei?

Felizmente, não retornei a este plano carregando o suplício de algum crime de sangue, caso contrário, certamente, após estes doze anos de peregrinação pelo báratro, ainda não me teria dado condições desta apresentação.

Aliás, devo esclarecer que fui escolhido para apresentar-me em primeiro lugar justamente pela coragem que trouxe para o enfrentamento de quaisquer situações. O pessoal gosta de meus gestos desabridos e francos, pois aprendi que, se fui mau, rude e bronco, se maltratei as pessoas, se me endividei com a maioria, mesmo assim deverei merecer dos protetores total assistência, na medida em que hesitar ou demonstrar fragilidade prejudicial à transmissão, o que não será, por certo, muito difícil de ocorrer, caso um dos objetivos desta aproximação aos encarnados tenha o escopo de me revelar alguns aspectos novos da intensa doutrinação que me está a despertar a consciência.

Admiro muito os atributos do mediador e não deixarei de mencioná-lo só porque não estava programado, uma vez que estou absolutamente surpreso com a facilidade com que capta os meus pensamentos. Teria outras apreciações a fazer, mas devo retornar ao ponto em que parei no relato.

Pois bem, dizia que não cometi nenhum crime de sangue, mas desonrei algumas jovens não inteiramente inocentes, uma vez que, turbulento, não sabia apreciar a delicadeza da alma feminina. Agora, quando tenho tentado infiltrar-me junto aos seus espíritos, estou notando que poderia ter feito tudo o que fiz, sem ter tido qualquer necessidade do emprego da força bruta, tão acessíveis têm demonstrado ser em relação a outras criaturas. Eu é que fui o culpado desses endividamentos.

Com certeza, busquei interpretar as reações das irmãzinhas na justa medida das necessidades de desculpar-me, para não imergir muito profundamente nas dores do arrependimento, mas tenho encontrado profundas resistências da parte delas em abrir-me o coração para o perdão preconizado por Jesus. Enfim, a alma humana tem seus mistérios para mim, que não tenho demonstrado ser muito arguto na interpretação das atitudes refratárias em relação à boa vontade que tenho evidenciado.

Graças a Deus, irei receber os sábios conselhos desta turma, momento em que, com emoção - surpresa das surpresas! - irei poder aprender algumas lições importantes para posterior desenvoltura no tratamento com os outros seres.

Pergunto ao bom amigo, professor Álvaro, se posso suspender a confissão ou se há algum outro informe necessário.

Pede-me para dizer que minha rudeza tem diminuído extraordinariamente, tanto que já consigo avaliar a expressividade dos termos para aplicar alguns menos fortemente, a comprovar que as sutilezas interpretativas vão tomando lugar na mente. Por outro lado, se houver alguma elegància nesta exposição, creditem-na ao mediador, que, conforme já afirmei, superou todas as expectativas. Fica ele temeroso de que haja alguma espécie de animismo, a influenciar nas palavras elogiosas, mas, digo-o abertamente, deixar de registrar este aspecto será falsificar o teor do meu testemunho.

Cumprida a obrigação, ponho-me nas mãos dos amigos para a crítica e debate, tendo em vista que não aceitarei pacificamente as reprimendas que vierem desacompanhadas de forte argumentação. O mais, deixo, evidentemente, nas mãos de Deus.

Vitório.

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