Presidenciáveis*
"Presidenciáveis condenam tiros em caravana" (CB, 29/03/2018, capa e p. 2).
Nada contra a condenação; entretanto, deveriam, salvo melhor juízo, preocupar-se com:
segurança;
alimentação;
habitação;
vestuário;
higiene;
transporte;
educação;
saneamento básico;
obras inacabadas (além das que ligam nada a lugar algum);
escolas sem condições de funcionar;
hospitais sem médicos, sem enfermeiros, sem equipamentos (e muitos que existem paralisados por inércia); ausência do material básico imprescindível para o atendimento da população sofrida e carente;
pistas intransitáveis;
quadras de esporte no abandono completo;
parques infantis enferrujados e ameaçadores em decorrência da falta de manutenção;
qualidade da merenda escolar de crianças de escolas públicas;
pobre que sofre calado todas as consequências da ineficácia administrativa do governo; federal, estadual e municipal;
A situação é lembrada atualmente pelos veículos de comunicação; contudo, no século passado, eu já a registrava, em parte, no meu soneto "Zero", abaixo transcrito ("Magia", Campinas (SP): Editora Komedi, 2006, p. 126):
Zero
Nada somos e pouco possuímos
Nesta existência de ilusão. Política
Domina. Gente quase paralítica
Vota enganos e espera achar os cimos.
Sujeira grande sempre descobrimos.
Pobre população semirraquítica,
À mercê de tiranos nem faz crítica
E emporcalha-se toda em podres limos.
Com o rei na barriga, tantos Pilatos
Negam-lhe: o leite, o pão, o angu e a sesta:
Maus e hostis, vangloriam-se dos atos.
E há o que vende a honra e até empresta
O nome por um ruim par de sapatos:
Antes, um pé; outro, depois da festa.
Brasília, DF, 20/05/1966.
continuando (com):
pontes sobre rios inexistentes;
enchentes;
alagações;
inundações;
presidiários que se apodrecem na prisão sem ter oportunidade de tratar a saúde debilitada;
enfermos desprovidos que esperam anos (sem sucesso) por cirurgia;
portadores de males severos que nunca encontram, nas chamadas "Farmácia Popular" remédio de distribuição gratuita;
salário baixo e humilhante de profissionais como: professores, médicos, policiais, pesquisadores e outros que representam honradez e devotamento ao trabalho.
agricultura;
extratividade;
indústria;
comércio;
importação;
exportação;
contas nacionais;
trabalhadores;
operários-salários-mínimos;
enriquecimento ilícito;
recolhimento devido de impostos e taxas;
Solução: deixar o ex-presidente Lula em paz e preocuparem-se com o que interessa ao povo faminto, analfabeto, desempregado, doente e abandonado à sorte e ao destino trágico.
Nota: não defendo nem ataco partido algum. Apenas registro um pouco do que a realidade cruel apresenta.
* Brasília, DF, 09/05/2018.
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