Esqueço-me de mim,
dentro,
enquanto vós,
ó! minha mente,
pairais um olho meu sobre a relva,
ao outro mostrais a estática borboleta.
Perco-vos alguns instantes,
alhures,
enquanto vós,
ó! meu olhar,
esqueceis que tenho a mente,
nela guardando borboletas e relvas.
Ides a lugares tantos,
atreveis,
ó! pensamentos leves,
sem contardes minha existência,
como pudésseis desprezar este ego.
Voltais de devaneios frios,
consentís,
ó! lembranças insensatas,
sem reclamardes entanto,
do íntimo baú que os encerra.
Sonho com as harmonias,
terrenas,
enquanto vós,
ó! siso meu,
concedei-vos um sono intranqüilo,
neste meu catre agitado.
Sinto-me recolhido,
no peito,
enquanto vós,
ó! meu coração,
deixais que eu viva em desalento,
porque vos recolheis na solidão.
AdeGa/97
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