Poema 1
MINAS
És guerreira, Minas,
banhada com o sangue dos emboabas.
Minas dos bandeirantes, dos morubixabas.
És barroca, Minas,
em teu seio repousam santos e imagens.
Minas de freiras e padres.
És sagrada, Minas,
teus domingos são das missas.
Minas das Chicas insubmissas.
És histórica, Minas,
de mitos e heróis etéreos.
Minas de Tiradentes e Silvérios.
És riqueza, Minas,
teu chão guarda o ouro da terra.
Minas de lendas e quimeras.
És orgulho, Minas,
por ti rezamos, oramos e sofremos.
Por ti morremos, Minas.
Chico Teixeira / Novembro/1999
Poema 2
VISLUMBRE
Janela aberta, vento,
luz acesa,
o fogão e a pia suja.
Não lavo.
Mas lavo a alma na poesia.
Lavo a mão,
lavo a boca,
lavo os dentes.
E amanhã como mais um dia,
engulo o tempo,
mordo a vida amanhã.
Chico Teixeira - Junho/1985
Poema 3
UTOPIA
Meu mundo é da utopia,
do irrealizável, do sonho,
do imponderável, da imaginação.
Quero voar sem asas,
cantar sem voz, correr sem pernas.
Quero a imperfeita perfeição.
Meu mundo é da plena anarquia,
do incontrolável, do excesso,
do imprestável, da aberração.
Quero viver sem regras,
andar à solta, brindar a todos.
Quero tudo em profusão.
Meu mundo é da estripulia,
do inaceitável, do caos,
do condenável, da desordenação.
Quero abolir tratados,
beijar os santos, gozar com as freiras.
Quero extravasar o meu tesão.
Chico Teixeira – Dezembro/1998
Poema 4
OUTRO MUNDO
E se este não fosse o meu mundo,
e eu fosse intergalático, planetário, venusiano
e morasse num mundo verde limão.
Se neste meu mundo fosse só noite,
onde estrelas incontáveis adornassem minha cama
e uma lua gigantesca reluzisse em meu quintal.
Se meu mundo de verdade fosse outro,
cheio de barcos e moças e praias e mar,
onde o sol nunca se pusesse pra eternamente me beijar.
Se neste mundo em perfeita harmonia
a cor fosse todas e nenhuma das cores,
formando um arco-íris eterno sobre a imensidão.
Se este não fosse meu mundo
e eu fosse do mundo das flores, inocentes e cheirosas e nele não houvesse homens, mas anjos.
Se este aqui não fosse meu mundo,
e eu fosse do mundo dos sonhos e quase nunca pensasse, mas se pensasse era amor.
Chico Teixeira – Dezembro/1998
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